Por Maria Gabriela Simões e a Vera Falcão Trigoso
NOME: Labirinto quadrado com cabeça de Minotauro no centro
LOCALIZAÇÃO: Conímbriga, Casa dos Repuxos – Ala oeste do pátio porticado - peristio, In situ
ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Apresenta-se sem falhas
MATERIAIS UTILIZADOS: Calcário
CORES: Branco, preto, amarelo e vermelho
DIMENSÕES: 1,50 X 1,42 entre molduras.
TEMA: O mosaico representa o lendário labirinto de Creta com o busto do Minotauro.
Conta a lenda que Teseus, filho do Rei de Atenas, foi à cidade de Cnossos em Creta, para se iniciar na prova do salto do Touro e que tendo superado a difícil prova conseguiu, ainda, sair o labirinto
DESCRIÇÃO:
O painel é delimitado por moldura, não fechada de trança de duas pontas, nas cores preto, branco e dois tons de amarelo.
No interior da moldura um filete branco contorna todo o painel que representa um labirinto, quadrado, de quatro sectores e, com a cabeça do Minotauro ao centro.
O labirinto é bícromo, apresenta a forma quadrangular e, é constituído por meandros com uma única saída, que se encontram estruturados em quatro sectores simétricos muito semelhantes entre si.
Da periferia para o centro, podemos observar filetes de tesselas pretas de reduzida dimensão, alternadas com faixas lisas de tesselas brancas.
Ao centro da composição, sobre um pequeno quadrado de tesselas brancas, assenta a vermelho e em feitura muito tosca, a cabeça de um Minotauro. Nesta demarcam-se os olhos através de duas tesselas brancas, o focinho que é desenhado por tesselas da cor amarela ocre, as narinas que estão assinaladas por duas tesselas pretas, e as orelhas onde uma tessela branca pontua o contorno vermelho.
OBSERVAÇOES:
O meandro é um motivo de origem helenística que chega a Itália através do opus sectile. Foi muito usado nos tempos da República tendo perdido popularidade a partir do século I d.C. Desde aí raramente foi usado excepto em molduras ou orlas ou em casos como o dos labirintos.
O labirinto é uma imagem representativa de uma tipologia arquitectónica, aqui a do palácio de Cnossos onde inúmeros espaços alguns sem saída se distribuíam em torno de um pátio central.
A utilização de um Labirinto no espaço nobre de uma casa, como o é um peristilo, deve-se seguramente à leitura iconográfica de boa hospitalidade que estava associada a este tema, não sendo de excluir que uma segunda leitura, a associada à protecção, tenha conduzido à sua colocação neste espaço, onde então cumpriria simultaneamente funções apotropaicas.
REFERÊNCIAS:
O tema do labirinto aparece na pintura dos vasos áticos, em moedas e em mosaicos de diversas cidades.
As representações do Minotauro também abundam, já que se apresentam em moedas, pinturas de vasos, escultura de pedra e bronze e em mosaicos.
Para Gauckler, a frequente repetição deste tema deve-se à circunstância de permitir ocupar a totalidade do pavimento com uma representação única. No entanto, Francine Alves atribui a utilização repetida destas formas tendencialmente uniformes, à difusão de um modelo civilizacional, “visando em suma, a expressão da Romanitas”. |
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