Metadona: um produto da guerra
A metadona- um opiáceo sintéctico - foi desenvolvida na Alemanha no período intermédio das duas guerras mundiais.
A falta de morfina natural para tratar os feridos da guerra induziu a necessidade de se conseguir desenvolver um analgésico sintético.
Mas foi só após o fim da 2ª guerra mundial que a metadona foi descoberta nos arquivos secretos dos alemães. Os E.U.A. foram responsáveis pela pesquisa posterior.
Anos depois, depois de comprovadas as suas propriedades analgésicas, surgiu a ideia de que a metadona poderia ajudar a tratar a dependência em morfina e heroína. Contudo, estudos mostraram que a potência aditiva da metadona é similar à destes dois estupefacientes
O primeiro estudo
O primeiro estudo sobre o uso de metadona no tratamento de consumidores heroína remonta ao ano de 1965, em Nova Iorque, nos E.U.A., conduzido por Dole e Nysmander.
Um grupo de 22 homens voluntários adictos de longo termo à heroína aceitaram entrar num estudo com três fases:
Na primeira fase eram administradas aos voluntários doses orais gradualmente mais elevadas de metadona. Esses pacientes com graves ou moderados síndromes de abstinência foram aliviados imediatamente com uma ou duas doses (consoante o caso) de 10 mg de sulfato de morfina administrado intra-muscularmente, e só depois se iniciou um tratamento oral de metadona com 10 a 20 mg duas vezes por dia. Durante as quatro semanas seguintes a dose de metadona foi gradualmente aumentada até um nível de estabilização entre as 50 e as 150 mg de metadona por dia. No fim do período de estabilização, a dose de metadona foi reduzida a uma por dia administrada pela manhã..
Os resultados deste estudo mostraram que a metadona possui três efeitos benéficos: alivia a chamada "fome narcótica" por heroína; bloqueia os efeitos eufóricos da heroína usada ilicitamente; tem uma duração de 24 horas.
Todos os sujeitos envolvidos no estudo declararam que as tentativas anteriores de se absterem do uso de heroína falharam devido à persistência da "fome narcótica" após abandonarem as unidades de desintoxicação. A alguns dos sujeitos em tratamento foi administrada heroína. Eles disseram que não experenciaram os seus efeitos usuais. Após esta experiência os autores Dole e Nysmander concluíram que a metadona é capaz de bloquear a euforia do uso adicional de heroína. Estas descobertas marcaram o início do uso da metadona como droga de manutenção para o tratamento de heroíno e morfino dependentes.