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      O trabalho como meio de reinserção social


 

  Uma das represálias mais dolorosas que as mulheres prostituídas sofrem é a exclusão social e as consequências que daí advêm, como a criação de guetos, e a entrada num poço sem fundo que não lhes permite fugir do meio. O Ninho é uma instituição que trabalha no sentido de reintegrar estas mulheres, procurando apresentar alternativas e soluções, funcionando como conselheiro e guia, bem como empregador e lar.

Partindo do princípio de que o desemprego fragiliza, que o sentimento de impotência ou de inadequação à vida social e profissional desencoraja o ser humano, fazendo-o sentir-se inútil, O Ninho aposta no combate à exclusão social a partir da aquisição de hábitos de trabalho, que as mulheres prostituídas não têm.

Entre outros serviços, foram criadas oficinas na instituição, no edifício propriamente dito, onde as mulheres cumprem um horário fixo, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30, como qualquer outro trabalhador comum. As mulheres recebem um subsídio de trabalho mensal, cumprindo-se a Lei Geral de Trabalho, que aprendem a gerir para conseguirem pagar os alugueres de casas ou quartos, as amas que tomam conta dos seus filhos.

O Ninho defende que o trabalho é recompensador e valorativo das mulheres, e que estas se sentem úteis e se sentem como iguais. É por isso que, enquanto residem e trabalham temporariamente na instituição, são nomeadas “estagiárias”, o que as faz sentir valorizadas. O sentimento de dever e responsabilidade fá-las sentir-se integradas, pelo que movimentos de apoio à mulher prostituída que simplesmente fazem donativos a estas mulheres, sem que haja uma motivação à actividade profissional propriamente dita, são mal vistos pela equipa da instituição.

Faz-se uma reunião mensal de avaliação com a participação das estagiárias, o produto da venda do artesanato é distribuído pelas estagiárias mediante a avaliação efectuada pelas próprias e pela monitora e, sempre que possível, as mulheres são integradas em cursos de formação profissional promovidos por outras organizações, mas muitas das formações existentes não têm correspondência no mercado de trabalho. A venda é feita nas oficinas, em exposições e no quiosque de O Ninho.

Ana Almeida

Jacinto Delgado

Tânia Ferreira

     
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Jacinto Delgado
jacinto_ferreira@hotmail.com