Francisco Pico tem 24 anos de vida e 7 a trabalhar em cozinhas. O seu percurso profissional foi sempre assente no risco: primeiro mudar-se para Lisboa onde trabalhou nas Docas como sub-chefe; depois, conseguir entrar no restaurante mais in da cena gastronómica Lisboeta, o Eleven; por fim, o Penha Longa, em Sintra. A história do trineto de um chef de cozinha do rei D. Carlos que, apesar de um pacemaker, adora o stress e adrenalina da cozinha.Francisco Pico é um jovem promissor na cozinha: actualmente é o responsável pelo espaço de refeições da piscina do
Hotel Penha Longa em Sintra, dos mais luxuosos do país.
A herança culinária veio de há muitas gerações atrás: o seu trisavô fora chefe da cozinha do próprio rei D. Carlos I. “Quando escolhi estudar culinária, toda a gente na minha família ficou muito orgulhosa. Até me deram o fato que era dele”.
O primeiro emprego, arranjou-o na própria tarde em que se formou, e foi em São Martinho. No entanto, o grande objectivo, era vir para Lisboa. “Comecei por trabalhar no Cor d"Água, do Afonso Vilela (modelo). Primeiro lavei pratos, para juntar dinheiro. Um dia convenci-os a deixarem-me experimentar cozinhar qualquer coisa e eles gostaram tanto que comecei a cozinhar… mas era um sítio muito tranquilo” diz Francisco Pico, habituado a servir muita gente.
Passado um mês, ofereceram-lhe trabalho nas Docas, onde em pouco tempo passou de cozinheiro de 3ª para sub-chefe de cozinha. “O mundo da cozinha é muito rotativo, ninguém fica muito tempo na mesma cozinha. A carreira de chefe faz-se a conhecer novas pessoas, a aprender novas técnicas, a trabalhar com diferentes cozinheiros… Ficar 10 anos numa cozinha é estagnar”.
Mas a maior surpresa que a vida lhe reservava era ser admitido para um dos restaurantes mais luxuosos de Lisboa, actualmente do Chefe Joachim Koerper. “Pediram-me para ligar para o Eleven e por acaso falei com o chefe directamente. Ele disse-me que precisava de um cozinheiro novo, mas não ficou muito convencido com o meu currículo. Eu também nunca pensei que conseguisse entrar, mas resolvi propor-lhes trabalhar durante dois dias sem receber nada. No final ele perguntou-me se eu queria ficar e eu disse que sim, claro!” diz com um sorriso.
Apesar de uma paragem cardíaca o ter obrigado a colocar um pacemaker antes de tempo, felizmente não o impediu de viver diariamente a pressão do dia-a-dia que obriga a cozinha. “No Eleven era um trabalho duríssimo e muito perfeccionista, tinha que estar tudo sempre bem feito. Entrávamos às 9.30 e trabalhávamos até às 15.30, sempre de seguida. Descansávamos cerca de duas horas e depois continuávamos até à meia-noite”.
Quanto ao futuro, Francisco Pico espera que as oportunidades continuem a aparecer e admite que vai continuar a arriscar como tem feito até agora: “Quero trabalhar um tempo no estrangeiro. Já falei com amigos sobre alguns projectos, temos algumas ideias. Mas sinceramente não gosto de pensar muito nisso, no que vou fazer a seguir. Estou bem onde estou, e quero aproveitar agora; depois, logo vejo.”