Carmo Silva é uma das empregadas da peixaria e acompanhou Maria José França quando esta passou a ser a proprietária do espaço, há aproximadamente dez anos. No entanto, já antes disso tinha sido sua colega no mercado do Saldanha. Gosta do que faz e, por essa razão, não tem saudades do emprego numa fábrica de iogurtes, onde trabalhava antes de se virar para as bancas de peixe.
A paixão pelo actual trabalho é visível pela forma como fala com os fregueses, como brinca com as colegas e como se diverte. Envolve-se tanto no emprego, que acaba por se considerar uma “manipuladora de peixe” porque, afirma, que aquilo que mais gosta de fazer é mesmo “amanhar o peixe, tratar dele, limpar e cortar”.
Também a outra colega, Emília Gonçalves, gosta de passar o dia ao lado dos peixes. Há trinta anos que eles fazem parte do quotidiano. Foi funcionária da Doca Pesca e trabalhou no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), o que a leva a ser alvo de brincadeiras das colegas, já que estava, nessa altura, no outro lado do negócio, lidando ela com os comerciantes.
Diferente era também a quantidade de pessoas com que contactava. Se Carmo Silva fala na fábrica como menos animada do que a peixaria, Emília Gonçalves garante que o movimento era muito maior no Mercado Abastecedor do que aquele que existe no espaço do Bairro Alto.
Mas, enquanto tanto Carmo como Emília afirmam gostar de estar na peixaria, a primeira recorda um mercado com mais bancas, quando se mudou para lá há 10 anos, dizendo que ele tinha uma “outra vida”. Apesar disso, a abertura da pastelaria no local trouxe um novo ânimo para as duas funcionárias e também para Maria José França.