“Os Órgãos Públicos tentam restringir o acesso às fontes de informação o que são ameaças que eu considero muito graves”, a frase é de António Granado. Num momento em que a Liberdade de Imprensa é tão questionada e reivindicada, o ex-jornalista do Público diz que limitações à liberdade de expressão e criação dos jornalistas não são um assunto de hoje e que ele próprio já esteve envolvido em alguns casos que eram claras ameaças à liberdade de Imprensa: “uma ameaça até a outras liberdades, aos direitos mais fundamentais das pessoas”, diz. Marcos Sá Deputado do Partido-Socialista, e apesar de Licenciado em Ciências da Comunicação, afirma convictamente que no contexto nacional actual, “ninguém ameaça a liberdade de Imprensa”. O Político vê o Jornalismo como “ o primeiro Poder” e a Liberdade de Imprensa como uma ferramenta poderosa, nem sempre bem utilizada. Diz que “Liberdade de Imprensa é uma coisa e o que alguns Jornalistas fazem é outra coisa: os políticos não terem direito ao contraditório, à justiça e ao bom nome são uma ameaça à Democracia”.
Mas para o jornalista a Democracia está do lado da Liberdade de Imprensa, e como refere António Granado: “Sem liberdade de expressão não há Democracia e todas as eventuais ameaças à Liberdade de Expressão são ameaças à Democracia.”
Foi assim que Portugal viveu por variados anos, quando calar e silenciar eram sinónimos de um país ainda longe da Liberdade, mas hoje, e apesar de completar 34 anos no dia 10 de Abril, esta questão ainda se coloca como afirma a psicóloga Alexandra Santos, “dados os constrangimentos sociais, torna-se mais fácil silenciar os sentimentos ou pensamentos por medo de errar ou de arriscar.” Como afirma a especialista, “todos deveríamos ter uma rede de suporte pessoal e social que nos permitisse falar”.
Os casos somam-se e estão na ‘boca do povo’, os Jornalistas são acusados de falta de ética pelos políticos, e os políticos são acusados de limitarem o direito mais básico dos Jornalistas, o Direito a uma Imprensa livre e Democrática.
Na qualidade de Jornalista, António Granado pensa que é necessário lutar: “está no Código Deontológico que o Jornalista tem de lutar contra tudo o que possa restringir a liberdade de Imprensa”. Só assim os Órgãos de Comunicação Social podem, na sua opinião, continuar a funcionar com o seu tradicional papel de fiscalizadores dos outros sectores. “A liberdade de imprensa é fundamental para vivermos num estado democrático”, reforça mais uma vez o Jornalista.
Para o Deputado Marcos Sá, a verdade está do outro lado e “o Poder Político deverá preocupar-se em defender a autonomia do Jornalista e aumentar assim a sua capacidade de trabalho”. O que é bem diferente de tentar condicioná-la, segundo diz.
Para Marcos Sá a situação da Comunicação Social e sua propriedade passa por grupos económicos e privados fortes os quais não permitem um controle exterior por parte de ninguém, “muito menos por políticos”.
A ética jornalística e o código deontológico são para António Granado e Marcos Sá a solução para um trabalho jornalístico de qualidade, sendo que “os limites e as regras são também basilares no nosso desenvolvimento, uma vez que nos dão segurança, obrigando-nos a olhar para e pelos outros”, explica a psicóloga Alexandra Santos.
Contudo as opiniões voltam a divergir quando se fala do Caso da Jornalista MMG. Marcos Sá questiona “como é que alguém fica 3 anos a manchar uma imagem de um Primeiro-Ministro e pode dormir de consciência tranquila”, já António Granado afirma que como a jornalista não foi condenada “significa que não há muita razão nos que a criticam por falta de profissionalismo”.
E assim anda a Liberdade de Imprensa em Portugal, ou por outro lado, assim andam dois dos mais importantes sectores do País: De um lado um Sistema que não quer ser condicionado, do outro uma classe profissional que se sente ameaçada e acusada de condicionar.