Verduras e fruta fresca à esquerda. Vinhos, azeite, mel e especiarias em frascos à direita. Ao centro, um homem atrás do balcão. Nos toldos verdes lê-se «Mercado Agrobio - Produtos Biológicos». Este é o cenário em que se transforma, todas as manhãs de sábado, as traseiras da Junta de Freguesia de São João de Deus, em Lisboa.
«Os limões duram-me imenso tempo, os outros não, começam a aparecer manchas por causa dos produtos químicos que lhes põem. Realmente é saboroso», afirma Helena Varela, cliente habitual do mercado.
O segredo das práticas biológicas está no respeito pela natureza e pelo consumidor através negação dos pesticidas, das hormonas, e dos conservantes de que a agricultura industrial faz uso. «A exploração [das terras] tira partido da luz solar, da água da chuva, dos terrenos [das suas características] e do trabalho das pessoas» com o intuito de produzir alimentos saudáveis, revela o engenheiro Luís Mendes, produtor responsável pelo abastecimento da banca única do mercado. «É uma agricultura sustentável, fazendo uma pareceria com a Natureza.»
Apesar do preço destes produtos ser normalmente mais elevado do que os que encontramos nas bancas dos supermercados e hipermercados, o engenheiro defende que preferindo-os estaremos a poupar na medida em que protegemos o organismo contra eventuais doenças: «Se um é cancerígeno e o outro não… Quanto é que custa um cancro?»
A implementação da produção e venda de produtos biológicos no país tem sido um processo moroso, com muitas restrições por parte dos organismos governamentais, mas com bons resultados. Actualmente, a associação Agrobio é responsável pela organização deste e de mais quatro mercados na zona da Grande Lisboa. O do Príncipe Real, por exemplo, que «teve quase dois anos para se impor, é hoje um mercado de sucesso e um verdadeiro ícone da agricultura biológica», aponta o produtor.
As dificuldades passam também pela divulgação dos eventos e pela educação dos muitos consumidores que ainda não sabem o que é a agricultura biológica nem os seus benefícios. Não obstante, Luís Mendes acredita no crescimento deste mundo: «A experiência diz-me que o que acontece é que quando as pessoas experimentam este tipo de produtos, voltam sempre.»