Numa entrevista concedida à RTP, o candidato independente às eleições presidenciais Defensor Moura pôs em cima da mesa as linhas orientadores da sua campanha. O ex-autarca identificou sintomas que considera preocupantes no actual panorama do país, além de ter feito um balanço negativo dos cinco anos de Cavaco Silva na Presidência.
Ainda no rescaldo do debate que o opôs ao actual Presidente da República, Defensor Moura apontou «falta de isenção e de lealdade», voltando a semear suspeitas à volta do que chama de “auto-elogios” por parte de Cavaco Silva. O deputado do PS voltou também a referir-se ao abstencionismo do Presidente da República como responsável pela instabilidade política e pela ingovernabilidade instaladas no país. Quanto ao caso BPN, considera estarem por esclarecer as afirmações de Cavaco Silva, ao pôr em causa a competência da administração do banco.
A respeito da crise económica que o país atravessa, Defensor Moura apresentou como solução resolver definitivamente anomalias crónicas que considera inaceitáveis: «o défice não é a raiz do problema (…) é uma consequência do mau funcionamento do nosso Estado». Mau funcionamento esse que deverá ser colmatado com o processo de regionalização, pilar central do seu projecto para a presidência: «É fundamental. Todos os países evoluídos são regionalizados». O candidato persistiu, no entanto, na necessidade de explorar «potencialidades diferentes do país e dos portugueses».
O também médico, apontou ainda um nível de corrupção em Portugal generalizado. «As cunhas, os concursos, os favorecimentos para admissões na função pública (…) os lobbies que se constituem para as parcerias público-privadas» foram alguns dos factos que o candidato nomeou. Contudo, procurou reiterar a responsabilidade de cada cidadão em reprovar a corrupção e o clientismo, práticas que, a seu ver, minam a classe política portuguesa.
