O melhor surfista português de sempre é um dos novos focos de atenção dos média portuguesesSe há quatro anos lhe perguntassem quem é Tiago Pires, provavelmente não saberia dizer. Fosse feita a pergunta há três, talvez já o nome fizesse soar algo na sua mente, “algo relacionado com desporto?” Há dois anos, Tiago Pires era aquele “maluco” do surf que andava pelo mundo a fazer aquele desporto radical, o surf. O ano passado, Tiago Pires era aquele surfista da Ericeira que sozinho tinha chegado ao maior palco competitivo de surf do mundo e que era patrocinado pela Billabong. Hoje? Hoje, Tiago Pires é o atleta de 30 anos da Ericeira, 21º melhor surfista do Mundo, que recentemente trocou de patrocínio e que tem uma picardia engraçada com Kelly Slater, o grande campeão da modalidade.
Desde cobertura online dos seus mais recentes resultados competitivos a entrevistas sobre as suas mudanças de patrocínios, Tiago Pires é um dos principais nomes do desporto nacional e, como tal, um dos nomes na boca dos média portugueses não só generalistas como também portugueses. O porquê desta nova atenção é difícil de averiguar e dá azo a especulação: Será por ser o porta-estandarte português de um desporto que ganha cada vez mais adeptos nas faixas etárias mais jovens? Será por ser um modelo de determinação, dedicação, trabalho e consequente sucesso? Será porque Portugal tem desde 2009 uma etapa do Circuito Mundial de Surf que atrai milhares de pessoas às praias de Peniche? A pergunta não tem uma resposta óbvia e a verdade é que qualquer destas hipóteses – senão todas – pode ser verdade.
Tiago “Saca” Pires, ou só “Saca” como é conhecido entre amigos, nasceu em Lisboa em 1980 e começou a surfar 11 anos depois, nas praias da Ericeira. Nunca parou, quis tornar-se profissional e “ser campeão do mundo” como sempre afirma nas entrevistas que dá. Hoje em dia é dos mais respeitados atletas no World Tour, circuito máximo do surf competitivo, muito por causa da sua dedicação e determinação fora de série, do seu à vontade dentro do tubo, principal manobra do surf, e quando as ondas estão maiores, com mais força e mais perigosas. Saltou à vista internacionalmente em 2001 quando num campeonato no Havai, Meca do surf, chegou à final num dos principais campeonatos do Mundo, só com 20 anos. Depois desse momento, ele teve mais dificuldades do que o esperado para chegar ao WT e só em 2007 se qualificou. Voltou a saltar para as bocas do Mundo quando em 2008, num campeonato na outra Meca do surf, a Indonésia, venceu Kelly Slater interrompendo a série vitoriosa do americano da Florida pela primeira vez nesse ano. Tiago ficou em 3ºlugar nesse campeonato mas mais do que os pontos ou o resultado em si, foi o respeito e admiração que causou entre os seus pares. A vida para o Tiago no WT não tem sido fácil mas ele nunca mais largou o World Tour. O ano passado, 2010, alcançou o melhor resultado final da sua carreira, um 21º lugar entre os 36 que compõe a principal divisão do surf mundial. Já neste ano de 2011, terminou a sua ligação com a multinacional do surf que o patrocinava há 12 anos, a Billabong. Assinou por 10 anos com a Quiksilver, rival da Billabong e também ela outra multinacional do surf, num contrato inédito não só no nosso país como na Europa e possivelmente, no Mundo. Mais estável do que nunca em termos de apoio logístico, financeiro e de staff, Tiago aponta este ano para o Top 10 no Mundo. Olhando com detalhe para a sua carreira passada, rapidamente nos apercebemos da forte possibilidade deste resultado. Quando lá chegar, ou mesmo que não chegue, uma coisa é certa: o seu nome vai estar espalhado pelos média nacionais.