foradelinha    Trabalho precário Reportagens 07  
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      Trabalhadores precários desconfiam da flexibilização do mercado de trabalho


 

O trabalho temporário é a resposta de muitos jovens ao desemprego.
  O Parlamento chumbou a proposta do PSD sobre os contratos de verbais, cujo objectivo era a flexibilização do mercado de trabalho para os jovens em busca do primeiro emprego ou desempregados. “Flexi-seguranças, contratos verbais e afins só servem para por os trabalhadores ainda mais no limbo e dependentes do patronato”, defende Maria Lopes, uma jovem recém-licenciada com um emprego temporário.

Maria não se inclui nos 23% de jovens desempregados do país, mas todos os dias procura um novo emprego. Tem 25 anos é licenciada em Direito e trabalha num call-center. Terminado o curso, seguiram-se “3 meses de estágio não renumerado, onde fui mão-de-obra gratuita. Fomos iludidos com a possibilidade de assinar contrato com a empresa mas bastou que surgisse outra fornada de estagiários e fomos logos dispensados”, revela.

Ao estágio seguiram-se dias a enviar currículos, a fazer contactos e a procurar ofertas de emprego dentro da área de formação. “Com o passar do tempo deixamos de ser específicos com o trabalho, já só queremos é fazer algum dinheiro.” Foi assim que Maria chegou a um call-center em Castelo Branco. “Faço 6 horas diárias, com pausas de 10 minutos que o supervisor tem de autorizar.” Os dias são passados a atender reclamações de clientes de uma rede de telefones móveis, deve ainda vender serviços pelo telefone, “para rentabilizar a chamada do cliente.

A jovem recém-licenciada trabalha a recibos verdes,”são 2, 48 euros por hora, menos de 500 euros por mês”, diz. Para a segurança social, Maria Lopes é uma trabalhadora independente, mas a verdade é que no seu emprego “há hierarquia e horários certos e tem-se local e ferramentas de trabalho da empresa e recebe-se sempre o mesmo. Mais do que ‘prestadora de serviços’ sou empregada, e merecia um contrato”, reivindica.

Sobre a proposta do PSD, Maria sabe o essencial mas a precariedade do trabalho jovem leva-a desconfiar de medidas desse carácter. “Se já agora estamos tão mal, se aquilo fosse para a frente eles faziam de nós o que queriam. A mim não me convencem.”

     
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Inês Raposo
ines.raposo@live.com.pt