Redes Sociais promoveram a maior manifestação apartidária desde o 25 de Abril
Foram mais de 200 mil pessoas a encher a principal avenida de Lisboa, num manifesto de liberdade e descontentamento, contra as políticas do governo e as condições precárias da auto-intitulada “geração à rasca”.
Tudo começou nas redes sociais, com um grupo de jovens que decidiu alertar o País para a necessidade de mudança e de estabilidade laboral. Muitas foram as razões que trouxeram jovens de todas as áreas para manifestar o seu desagrado. «Acho que esta é uma manifestação justa, porque temos que ser nós a lutar pelo nosso futuro», explica Diogo Rodrigues, estudante de comunicação. «Hoje em dia os estudantes não têm segurança nenhuma. Não sabemos aonde vamos parar. É altura de marcar uma posição, é altura de vir para a rua, a bolha tem de rebentar».
Durante a contestação, o ambiente encheu-se de gritos de ordem, cartazes originais e muita música e dança à mistura. A multidão, das crianças aos mais idosos, encontrou várias formas para se alienar e transformar o protesto numa autêntica celebração, em paralelo com os focos quase organizados dos jovens oficialmente em manifestação.
Ouça aqui o testemunho de Miguel Couto, desempregado
Como qualquer “festa”, esta também teve as suas atracções principais. O Concerto itinerante dos homens da luta, grupo de humor que aproveitou a oportunidade para animar a manifestação durante toda a sua duração. Ao seu lado, estiveram convidados como Rui Veloso, Fernando tordo ou Vitorino, que com as suas palavras e canções deixaram o povo rendido a um dia de ócio e liberdade.
Ouça aqui um excerto do concerto de Rui Veloso na manifestação
Mas uma manifestação desta dimensão não se faz apenas de jovens precários e músicos solidários. Os efeitos de uma crise deixam feridas em todos, caso é o de Luís Penedo, 60 anos e Médico no Hospital Egas Moniz, que veio lutar não por ele, mas pelos direitos dos seus doentes. «Conheço a fundo o problema dos idosos. São uma facha etária desprotegida, com muito baixas reformas. Muitos deles nem sequer têm dinheiro para os medicamentos, não os tomam. Lembrei-me de vir chamar à atenção para a manifestação porque os jovens e os idosos estão muito ligados. Não estamos à rasca, estamos à rasquíssima.»