Nasceu das mãos dos doentes do Sanatório Sousa Martins e hoje, passados 65 anos, a Rádio Altitude continua a ser património histórico da cidade da Guarda e uma das mais importantes rádios da região.“Altitude” devido à sua sede se localizar a 1039 metros de altitude na cidade de Guarda, a mais alta de Portugal Continental, a pioneira rádio portuguesa foi durante anos, um factor importante no tratamento dos doentes do Sanatório Sousa Martins, ao ser o principal objecto de fuga e distracção.
Os “temas pessimistas” eram, segundo Carlos Canelas no primeiro Congresso de História dos Media da Universidade Nova de Lisboa, expressamente proibidos assim como temáticas políticas antes do 25 de Abril e, também temas relacionados com críticas aos serviços do sanatório.
Durante dois anos a rádio Altitude apenas emitia, por razões técnicas, no interior do sanatório e só em 1948 foi possível “ultrapassar os muros” e chegar à cidade. Mais tarde, já com edifício próprio fora do complexo hospital, a rádio passou a emitir também para os concelhos de Castelo Branco, de Viseu e de Bragança.
A rádio Altitude tentou, desde a sua origem, preservar a sua autonomia, investindo os lucros oriundos da publicidade em projectos relacionados com a recuperação técnica e social dos doentes. A sua ligação com o Sanatório Sousa Martins acaba por ter fim em 1975 aquando este passa a estatuto de Hospital Distrital, ficando a rádio a cargo de Comissões Administrativas até ser privatizada em 2001.
Considerada um ex-líbris da cidade de Guarda, os problemas que a rádio enfrentou desde os seus primórdios, onde era financiada pelos próprios doentes não desapareceram, enfrentando ainda deficiências na formação profissional, nas instalações, nas condições de trabalho e na própria programação. Segundo o site oficial da rádio Altitude, “a nova detentora herdou uma estação com meios muito precários, a necessitar de urgente e dispendiosa revitalização".
Sobretudo no que diz respeito à profissionalização dos jornalistas, Carlos Canelas sublinhou ainda, que o carácter voluntário fez com que a formação profissional fosse quase nula, tendo a rádio, sido, no passado, alvo da iniciativa do CENJOR e o IEFP com o intuito de garantir a formação profissional na área do jornalismo radiofónica nacional.