No passado dia 15 de Outubro, o mundo saiu à rua e a cidade do Porto juntou-se ao movimento. Mais que por uma manifestação internacional, os portuenses saíram à rua pela causa nacional, por uma verdadeira democracia e contra as medidas de austeridade do governo.
Começando por se reunirem na Batalha, os manifestantes tiveram a oportunidade de falar à multidão numa espécie de assembleia popular, deslocando-se depois em marcha até aos Aliados, onde teve lugar uma outra assembleia. Estes dois momentos constituíram o ponto alto deste encontro de indignados.
“Já não sou indignado, sou revoltado!”, exclamou um dos intervenientes. Outro contou a tristeza que sentiu quando o neto lhe perguntou “ Avô, foi este o 25 de Abril que fizeste?” e não sabia o que lhe responder.
La Salete Piedade, representante do Coração da Cidade, instituição de solidariedade que actua no centro do Porto, foi uma das intervenientes mais entusiastas e mais apoiada pela multidão presente nos Aliados. A voluntária atacou directamente os políticos dizendo que estes se escondem por detrás das câmaras.
“Fuga de cérebros! Serei mais um?” dizia um dos cartazes presentes. Carla Maia, 36 anos, aluna de doutoramento, é detentora deste receio, não acreditando no futuro que o país tem para lhe dar, face à actual situação económica: “vejo-me na impossibilidade de concluir o doutoramento aqui e ter de continuar lá fora, porque a situação do país não me dá possibilidade de ganhar dinheiro para pagar as propinas e continuar a minha investigação”. A manifestante contou ainda acreditar que “as manifestações não têm repercussões a nível de governo, mas sim a nível de sociedade civil, alertando as pessoas e permitindo discutir ideias.”
Dos oito aos oitenta, a manifestação contou com cerca de 25 mil pessoas, segundo a organização. Número mais baixo é o avançado pela polícia que aponta para um máximo de 12 mil participantes.