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      A intervenção dos jornalistas nos processos democráticos ibéricos


 

Rafael Muñoz
 

O Professor Rafael Muñoz criticou a atitude dos jornalistas espanhóis durante o processo de transição do franquismo para a democracia, na sua comunicação no Congresso Internacional Media e Jornalismo, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, nos dias 6 e 7 de Outubro.

O investigador da Universidade de Almeria disse que «os jornalistas contribuíram com a sua participação para diminuir a atitude crítica» durante todo o processo. Ressalva, no entanto, que não foi toda a classe mas a «maioria dos jornalistas que estavam comprometidos com os políticos» e que por isso condicionavam as suas escolhas jornalísticas de acordo com a sua vinculação política.

Presente no evento promovido pelo Centro de Investigação Media e Jornalismo, subordinado ao tema Génese do Jornalismo ibero-americano, estava o Professor Arons de Carvalho que fez um paralelo com a revolução em Portugal.

Alertando para o facto de a revolução portuguesa ter sido repentina, ao contrário do que se sucedeu em Espanha, o actual Vice-Presidente da ERC revelou semelhanças entre os dois casos. Tal como no país vizinho «nós tivemos uma fase, em 1975, em que houve um envolvimento de muitos jornalistas no processo político, o que condicionou a sua isenção e independência».

Questionados sobre a realidade do século XXI, ambos põem de parte o que se passou nas fases conturbadas dos países ibéricos. Acerca do que se passa hoje em dia no nosso país Arons de Carvalho é peremptório: «Hoje em dia já não é assim, e sinto que como resposta a esse exagero de 1975 há por parte de muitos jornalistas uma grande preocupação de afastamento da política», acrescentando que «são raros os jornalistas que emitem opiniões políticas».

Sobre a realidade espanhola, Muñoz refere que chega «uma fase a que chamo “la decepcion”, em que se começam a ouvir opiniões críticas por partes daqueles que não viam uma democracia real, após uma revolução» que foi decisiva para que a posição dos jornalistas se voltasse a equilibrar de acordo com aquilo que devem ser as suas funções.

     
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Ricardo Soares
soares.ricardo90@gmail.com