A jornalista do “Público” Alexandra Lucas Coelho lançou em Março o seu primeiro romance, “E a noite roda”. No lançamento, dia 29, em Lisboa, a autora confessou que o livro responde ao seu desejo de "trabalhar o real de uma nova perspectiva".
“Este romance é a ampliação de uma paisagem, é uma paisagem que se abre”, disse Alexandra Lucas Coelho, para quem “a diferença entre jornalismo e literatura é de liberdade.” Cumprindo um desejo antigo, a jornalista juntou neste livro “vinte e cinco anos de trabalho como repórter, que agora é tratado livremente como não foi até aqui.”
“E a noite roda” é a história de dois jornalistas que se conhecem em Jerusalém na véspera da morte de Yasser Arafat e se apaixonam. “Isto não é uma história de amor, sabemos desde o princípio que não vai resultar”, revela Lucas Coelho, que admite que “interessa muito mais contar o meio do que o fim.” A acção desenvolve-se ao longo de dois anos em diversas cidades nas quais os protagonistas se encontram brevemente.
Convidado a ler passagens da obra, Changuito, ex-livreiro e ex-namorado da autora, também comentou a relação entre jornalismo e literatura dizendo que “ao leitor não interessa nada a verdade.”
Madalena Alfaia, da editora Tinta-da-China, com quem Alexandra Lucas Coelho publicou os seus últimos quatro livros, considera a autora “um caso especial”
Desde 2010 como correspondente do “Público” no Brasil, Alexandra Lucas Coelho esteve anteriormente no Médio Oriente e acompanhou de perto os acontecimentos dessa zona, que lhe serviram de base a dois livros: “Oriente Próximo” e “Caderno Afegão”. Mais recentemente, publicou um livro de viagens, “Viva México” e um relato da revolução egípcia, “Tahrir!”.
Jorge Trabulo, espectador do lançamento, realça que Lucas Coelho “escreve pelo sentimento, pela emoção” e que é “uma grande poetisa”.
Changuito, que leu passagens da obra com diversas referências sexuais, pensa que as repetidas cenas eróticas do livro “vão ajudar a vendê-lo”, garantindo, entre risos, que tudo o que leu “foi o que pediram para ler.” Já Alexandra comenta que “um factor de unanimidade em relação ao livro foi que toda a gente gostou das cenas de sexo”.