“O jornalismo não deve ser confundido com tudo o que circula", foi a ideia enfatizada pelo jornalista José Manuel Teixeira, director da SIC Notícias, no debate realizado pela Universidade nova de Lisboa sob o mote “Os princípios do jornalismo”. O jornalista salientou a necessidade de demarcar o trabalho jornalístico credível, da informação disponibilizada pelo cidadão comum, criticando ainda o jornalismo low cost.
Neste contexto, Estrela Serrão esclareceu também: “a falsa questão que os jornalistas estabelecem e que confunde os aspirantes a jornalistas de que todos o podem ser”. A directora do Centro de Investigação de Media e JornalismoI entende que a legitimidade de um jornalista profissional está no seu código deontológico, de que poucas profissões são possuidoras”, tendo com isso direito ao segredo profissional, tal como os advogados e os médicos.
Este debate, inserido no projecto Jornalismo e Sociedade, teve por base uma outra iniciativa com os mesmo contornos, realizada nos anos 90 nos EUA, da qual resultaram dez princípios fundamentais, que guiaram a discussão duas décadas depois naquela Universidade. As intervenções eram livres e para além dos já referidos jornalistas, estiveram também presentes nomes como Miguel Gaspar, director-adjunto do Público e Pedro Coelho, jornalista da SIC, entre outras figuras do panorama jornalístico nacional.
Miguel Gaspar iniciou a sua intervenção explicando que “O jornalismo, de uma forma superficial, deixou-se contaminar por uma ideia relativista de que a verdade não existe”, o que considera ser algo falacioso. O jornalista do Público enfatizou a questão da crescente complexidade da sociedade e no que isso obriga a que se aposte no jornalismo de especialidade, e na profundidade por oposição ao imediatismo.
O jornalista da SIC, Pedro Coelho, entendeu ser relevante reflectir sobre os efeitos e constrangimentos propiciados pelo Mercado sobre a actividade jornalística. Esta “foi sustentada pela publicidade mas acabou por dar sustentação a uma actividade económica”. A crise que se está a reflectir nas empresas vem pôr assim em causa a forma como o jornalismo é feito: “A sustentabilidade do jornalismo é um problema que implica a falta de qualidade”, explica Pedro Coelho.