António Costa vê a Área Metropolitana de Lisboa como uma União Europeia onde não há ninguém que represente essa união, para o autarca é essencial que se encontrem mecanismos de proximidade, para que os cidadãos se envolvam mais no dia-a-dia das suas cidades. Citando como exemplo o Orçamento Participativo da cidade de Lisboa, no qual os cidadãos são chamados a deliberar, Costa salientou que este orçamento não tem um carácter "meramente consultivo", tendo-se verificado ao longo dos anos uma subida na mobilização da população.
“A área metropolitana foi criada há vários anos mas nunca conseguiu exercer funções de governação: tem escassas competências, não tem meios próprios e tem uma estrutura desadequada”, não havendo, nas palavras do autarca, “nenhuma instância que represente o conjunto da área metropolitana”.
Sublinhando outra grande fragilidade do actual modelo, António Costa afirmou que “o município não se autogoverna a si próprio”, pois há várias competências “subtraídas ao município e exercidas directamente pelo Estado”, deve portanto haver, ainda de acordo com o Presidente, uma descentralização de competências do Estado para a área metropolitana e competências partilhadas entre os municípios.
“O que faz sentido é a promoção conjunta de uma cidade”, salientando que, no futuro “uma das principais funções dos municípios neste século tem a ver com a economia e a inovação”.
Para o autarca “várias competências teriam a ganhar se fossem exercidas mais próximas das pessoas e dos cidadãos”, por isso defende uma democracia participativa por parte das freguesias.
Afirmando que “quem está mais próximo saberá muito melhor o que fazer do que quem está na câmara” e seguindo a linha de pensamento transmitida durante toda a palestra realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o autarca defendeu que sejam dadas mais competências e mais dinheiro às freguesias.
Apesar da reforma administrativa da cidade de Lisboa, que justificou historicamente dizendo que “muitas das freguesias, que hoje têm determinada denominação, já não têm nada a ver com o que foram no passado”, o Presidente, daquela que considera “uma das maiores estruturas administrativas do país” mostrou-se relutante ao abordar a reforma administrativa a nível nacional, afirmando que, vai “perturbar concelhos bem arrumados, como o de Cascais”, evidenciando que “financeiramente os ganhos vão ser residuais”.