Na véspera do dia da Mulher discute-se, mais uma vez, a questão de género e a dificuldade que as mulheres tiveram em emancipar-se e fazerem-se equivaler ao sexo masculino, desta vez no campo da música. Na sessão “As Mulheres e a música”, Paula Gomes Ribeiro faz crer que há mudanças que ainda precisam de ser feitas.O dia da mulher é já amanhã e não pode ser deixado passar em branco. Com esse mesmo propósito, o CESNOVA - Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa – organizou para hoje, dia 7 de Março, uma sessão temática intitulada de “As Mulheres e a música”. A sessão teve lugar na Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas pelas 18:00.
A sessão, moderada por Daniel Matias do projecto “Faces de Eva- Centro de Estudos Sobre as Mulheres”, encontrou-se cheia desde o início. Ângela Lisboa Gonçalves, saxofonista, abriu a sessão interpretando uma peça musical.
Danielle Kuntz, doutorada em musicologia, fez uma exposição acerca da representação de género na música dramática durante o reinado de D.Maria I (1777-1792). Nesta época, como as mulheres não tinham acesso ao universo musical, em termos profissionais, existiam os castrati, homens que substituiam as vozes das mulheres, submentendo-se na adolescência a uma intervenção para que a voz nunca se tornasse grave ou crescesse alguma barba, podendo assim fazer de mulheres nos espectáculos. Apesar disto, a figura da mulher era muito importante e muito representada, principalmente as mulheres nobres.
Por outro lado, Paula Gomes Ribeiro, professora na UNL-FCSH, fez uma viagem ao longo da história da música e da privação que as mulheres tiveram neste e em tantos outros campos da sociedade durante séculos. No tempo estipulado para debate com o público, Paula Ribeiro acaba por confessar que sente “uma certa frustração porque há determinadas questões que demoram muito tempo a mudar. A prática quotidiana não corresponde aos ideais, os ideais estão lá!”.