foradelinha    Texto escrito 2014 Reportagens 07  
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      Passos Coelho: Restruturação da dívida “fora de questão”
Palavras do primeiro-ministro, numa conferência sobre o pós-troika, a propósito do “manifesto dos 70”.


 
  Categórica. Assim se pode adjetivar a resposta do Primeiro-Ministro português, instado a pronunciar-se sobre o polémico “manifesto dos 70”, e a consequente chamada de atenção para a necessidade de restruturação da dívida pública portuguesa.

“Está totalmente fora de questão”, afirmou prontamente Pedro Passos Coelho. “Estamos a mostrar um nível de crescimento que não temos há mais de 12 anos. O assunto está tão fora de agenda que até tenho dificuldades em explicá-lo”. O líder do governo alerta que, apenas a dois meses do final do programa de assistência financeira, a discussão do não-pagamento (parcial) da dívida envia um sinal errado para os mercados: “Esta não é altura para alimentar desconfianças, não podemos deitar os sacrifícios pela janela fora”.

As declarações foram registadas numa conferência promovida pelo Jornal de Negócios, realizada esta quarta-feira, cujo intuito seria debater o que se segue ao término do programa de assistência financeira vigente no nosso país. O documento, oriundo de um vasto conjunto de notáveis da área económica em Portugal (como Manuela Ferreira Leite, António Bagão Félix ou Francisco Louçã), elabora sobre a necessidade de revisão dos prazos de cumprimento, bem como das taxas de juro aplicadas à dívida portuguesa de médio e longo prazo, complementadas por uma proposta para a mutualização da dívida a nível europeu.

Pedro Passos Coelho teceu ainda duras críticas a respeito de algumas das personalidades envolvidas na elaboração do manifesto, declarando-os como “irresponsáveis”, ou apresentando a sua “agenda pessoal” para discordar do governo.

Vários subscritores da proposta já reagiram a estas declarações, nomeadamente o político e economista Bagão Félix, na sua rubrica semanal de comentário televisivo. A justificação do manifesto é, nas suas palavras, que “nas atuais circunstâncias”, e perante um índice de crescimento económico insuficiente, “a dívida é impagável”. O antigo ministro do governo de Durão Barroso afirma ainda que se pretende apenas “lançar uma discussão”, e que o primeiro-ministro “não é obrigado a concordar com nada, tem apenas que respeitar as pessoas que apresentaram esta proposta”. O economista acrescenta, finalmente, que tal como Passos Coelho pedira, existe agora um “consenso alargado” sobre uma questão essencial na sociedade portuguesa, e que esse mesmo consenso “deve ser valorizado”.

     
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Pedro  Patkoczy
patkoczy@hotmail.com