Um conjunto de desenhos da autoria de António Jorge Gonçalves, publicados em várias obras literárias, esteve exposto entre os dias 19 e 25 de Março na estação de São Sebastião. A Multimédia Outdoors Portugal, empresa que gere os espaços do metro de Lisboa, considera que a utilização dos mesmos para divulgação de trabalhos artísticos é uma mais-valia na medida em que permite promover artistas e obras culturais.

Os desenhos, alguns com figuras humanas, animais e elementos da natureza, receberam olhares curiosos das inúmeras pessoas que frequentam esta estação, porém, o descontentamento face ao serviço que o metropolitano de Lisboa tem prestado aos seus passageiros sobrepõe-se ao gosto pela promoção da cultura. É de louvar que existam iniciativas como estas, capazes de enaltecer uma cultura cada vez mais banalizada por todos, mas seria ainda mais de louvar que o nosso dinheiro fosse utilizado para melhorar os serviços que ultimamente deixam muito a desejar.

As greves totais e parciais, as interrupções na circulação, as más condições nos edifícios das estações e o valor mensal pago pela utilização do serviço, têm levantado ondas de indignação nas redes sociais. A necessidade de pagar uma viagem para conseguir ver a exposição foi também uma das críticas apresentadas.

O autor desta exposição, utilizador frequente deste transporte, já tinha manifestado o seu interesse pelo metro no seu anterior trabalho Subway Life, no qual desenhou pessoas sentadas nos comboios pelo mundo inteiro. A sua exposição, Desenhos de Cordel, assim designada para relembrar as pequenas narrativas impressas em folhetos que, na época renascentista, eram penduradas numa corda, deixará a estação de São Sebastião rumo à estação da Alameda onde permanecerá até dia 1 de Abril.