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      A «prata da casa»
Maria de Lurdes, Luísa e Maria dos Santos fazem da Baixa a sua loja


 
Andreia Aljustrel 

As ruas da Baixa são montra de vários rostos e ofícios
  Na Baixa lisboeta, a prata ou o ouro não são só nomes de ruas. O homem das castanhas, a florista, o artesão, o pintor, o retratista, o músico, o homem-estátua, o livreiro, ou o plastificador são já a «prata da casa». São homens e mulheres que há muito anos nos têm habituado à sua presença entre a Praça do Comércio e o Rossio. Nas ruas fazem a montra do seu ofício.

Quem passe o arco da Rua Augusta, a qualquer dia da semana, dá logo de caras com um tímido rosto. É um rosto que se esconde há mais de 20 anos entre colares e brincos naquela que é, por ordem de disposição, a primeira banca do mercado de artesanato.

Maria de Lurdes, de 69 anos, é veterana no negócio da bijutaria e não o trocava por outro. Porém, os tempos que correm são muito diferentes daqueles em que era apenas uma principiante. «Agora há muitos centros comerciais. Em todo o sítio metem bijutaria e as pessoas quando vão comprar uma roupa compram logo ali os enfeites», explica.

Mais à frente já se começa a sentir o típico cheiro das castanhas assadas. A nuvem de fumo que envolve o fogareiro esconde o rosto não do homem mas da «mulher das castanhas». Aos 38 anos, Luísa ocupa há já 20 os mesmos escassos metros quadrados de calçada portuguesa. No Verão vende gelados. «Este trabalho foi a única opção de vida que tive. Mas gosto daquilo que faço», confidencia enquanto prepara mais um cartucho de «quentes e boas».

No Rossio, o cheiro das castanhas funde-se com outro mais doce. Não é o dos cafés, como canta a marcha, mas sim o das flores. E é entre muitas e coloridas flores que se encontra o simpático rosto de Maria dos Santos. Florista desde os 7 anos, e a trabalhar na Baixa há 25, é com um grande sorriso que confessa o prazer em trabalhar diariamente na rua. Mas reconhece que «a Baixa anda mesmo em baixo».

Andreia Aljustrel

     
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Andreia Aljustrel
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