Considerada, muitas vezes, ilegal, a partilha de ficheiros no caso do Anime tem contornos legais diferentes. Feng Huang, nome pelo qual é tratado na Internet, afirma existirem lacunas na legislação. Explica que “tirar Anime da Net só é ilegal se tiver os direitos de transmissão vendidos a uma entidade do país onde se faz o download”.
A televisão digital veio facilitar a gravação dos episódios no Japão. O mais complicado é a colocação das legendas nos vídeos e a sua sincronização com o som. “Todo o processo é moroso e cansativo, podendo envolver 5 a 30 pessoas”, conta Feng Huang, de 21 anos de idade. “A legendagem pode demorar uma semana”, explica.
Leinad, um estudante universitário de 19 anos, nutre a mesma paixão. “Faço parte do Projecto aniManga, uma fansub portuguesa, ou seja, um conjunto de pessoas que traduzem a Anime”, confidencia. Portugal tem vindo a interessar-se cada vez mais por estas animações. “Em cerca de um ano e pouco surgiram mais de meia dúzia de fansubs portuguesas”, conta.
A maior parte dos grupos limita-se a fazer projectos legais, ainda não licenciados. Mas estes jovens fãs, que empreendem muito do seu tempo livre nestes projectos, não lucram nada com o esforço. “O trabalho é grande, e não se ganha nada a não ser o reconhecimento e satisfação de quem descarrega os ficheiros”, conforma-se Leinad.
Unidos pelo gosto do anime e pelo culto do obscuro, estes dois jovens têm opiniões complementares. Feng Huang responde sem hesitações que retira os episódios da Net “em vez de esperar que cheguem ao nosso país, o que raramente acontece”. Já Leinad considera que “para muitas pessoas é uma forma de ver se vale a pena comprar”, já que algumas séries estão em DVD.
Sites:
Projecto aniManga
Texto de Vânia Araújo e Pedro Junceiro