As tabernas são cada vez menos no nosso país. Renovadas pelos proprietários, têm vindo a ser transformadas em cafés e restaurantes. Para Júlio Apolinário, frequentador assíduo de uma taberna em Alfama, a explicação é fácil. “As tabernas são como as pessoas, pequenas por dentro mas querendo ser grandes por fora”.Excepção parece ser a “Casa Oliveira”. O prédio é Património Municipal e vai resistindo à modernização. “A Câmara já disse para tirar os pipos, mas antes irei eu embora”, desafia Undino Rivera. “É uma tradição dos meus velhos”.
“Está-se muito tempo sem ver gente entrar” refere Undino, há quarenta anos à frente da taberna. Para o septuagenário, foi depois de 1985 que a situação se agravou. “Veio o Cavaco, acabou com a estiva, com as alfândegas e isto passou a não ter ninguém”.
Já a “ Ginjinha” continua a ter muitos clientes. O dono, José Gonçalves, explica que os turistas procuram esta casa “porque o que aqui se bebe é tipicamente português”. E apesar dos 90 litros que os pipos possuem, só demoram 15 dias até serem renovados.
Com a aquisição do balcão frigorífico vieram os apreciadores de novas bebidas. E ao final da tarde, ali se juntam vários trabalhadores de Alfama. “Vim aqui para beber uma cerveja, mas não se pode saber porque ainda estou de serviço”, diz um pedreiro.
Texto de Luís Miguel Abreu e Ricardo Leal Lemos