"Devemos dignificar o vinho do ponto de vista cultural” afirma Maria João Pires, directora de comunicação do Instituto da Vinha e do Vinho. Segundo a responsável, “o modo de beber é hoje distinto de antigamente” e o facto de maioria dos jovens não apreciar a bebida "é sinal disso mesmo".De acordo com a directora de comunicação , “o consumo do vinho como prática de convívio está hoje vinculado apenas à tradição dos almoços e jantares de negócios”. A degustação de vinho em casa como ritual restringe-se “a algumas confrarias e encontros esporádicos de amigos”.
O motivo está para a responsável na “carga pejorativa” que o vinho ainda tem. “Antigamente, éramos um país muito pequeno e fechado. O acto de ir à taberna não era feito às claras. Era indissociável do problema do alcoolismo, na mente das pessoas”.
Ao nível do trabalho, o papel da bebida já era diferente. “Na jorna, os trabalhadores do campo recebiam parte do seu pagamento em vinho”. Segundo Maria João Pires, era uma solução para “de aguentar o frio e compensar deficiências alimentares” numa “época de condições muito duras”.
Após 1975, "com a evolução dos conceitos de região demarcada e casta, as regras evoluíram no sentido da protecção dos consumidores”, explica. Para Maria João Pires, os resultados estão à vista. "Noventa por cento do vinho que circula hoje no mercado é de boa qualidade".
Texto de Luís Miguel Abreu e Ricardo Leal Lemos