Depois de já ter viajado por países de todo o mundo, António Gomes dos Santos, Staticman de profissão, elege o público europeu como “o mais caloroso e receptivo” à sua arte. No entanto, indica a Austrália e a Nova Zelândia como locais onde “qualquer artista gosta de trabalhar, porque é também lá que mais nos pagam”. Em Portugal, a aceitação da arte de rua tem evoluído de forma lenta e só agora começa a ser uma realidade. O Algarve é a região onde, no Verão, a arte de rua ganha maior expressão.
Staticman, homem estátua, lamenta o fascínio dos portugueses pelos centros comerciais: “ao contrário dos espanhóis, os portugueses perderam o hábito de andar na rua”. No mesmo sentido, o malabarista Nuno Dores não percebe como um país virado para o turismo, pode dar tão pouca atenção à arte de rua. Ele conclui que “em Portugal vive-se a não cultura. Só queremos futebol e touradas”.
A opinião é unânime: viver exclusivamente da arte de rua é tarefa árdua. “Não temos um ordenado ao fim do mês, como qualquer outra pessoa”, desabafa Cláudia Candeias, actriz de teatro estático, membro do Grupo In Temporal. Os artistas de rua dependem daquilo que o “público” lhes paga. Assim, desde festas de aniversário a animações em bares e discotecas, eles vêem-se obrigados a actuar também por contrato, em circunstâncias diferentes daquelas que regem a rua.
Para sobreviverem, necessitam dum espírito aventureiro e nómada. Eles participam em vários festivais de arte de rua internacionais e “chegamos a ter dois verões por ano”, conta o homem estátua. Cláudia e o palhaço Enano Free-Artist, casados e com um filho, reconhecem que “agora é mais complicado viajar, porque alguém tem de ficar a tomar conta do Zaino”. Ainda assim, Enano vai brevemente mostrar à Rússia as palhaçadas que tanto prazer lhe dá fazer.
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Fotoblogue do Staticman
Texto de Inês Alves e Telma Nogueira