A arte de rua é muitas vezes subvalorizada. Os artistas não são reconhecidos ou são confundidos com situações marginais. Mas quem vê na rua a sua casa, não perde a esperança. Afinal, é na rua que estes artistas melhor se sentem e é na rua que de melhor forma conseguem expressar o que melhor sabem fazer. Realidades diferentes mas que partilham o mesmo espaço onde os artistas de rua actuam, tais como o freak toxicodependente que toca viola, faz malabarismo ou cospe fogo, seguindo depois as pessoas em busca de esmola, tiram credibilidade à arte de rua. É por isso que “continuamos a ser encarados como pedintes”, assume António Gomes dos Santos, estátua viva, artisticamente conhecido como Staticman, já habituado a comentários do género: “ora aí está uma boa maneira de ganhar dinheiro sem se mexer” ou “vai trabalhar ó malandro!”
Tanto ele, como Enano Free-Artist, artistas de rua, concordam que foi a partir da Expo 98 que o interesse do público geral pelos espectáculos de rua tomou dimensão. “Finalmente as pessoas puderam aperceber-se que na rua pode haver muita qualidade e grandes artistas”, salientam ambos, depois de terem feito parte deste evento.
Ainda assim, em muitos locais de Portugal não é permitido actuar na rua. Para tal, os artistas necessitam de uma licença, paga às câmaras municipais, que envolve muitas burocracias e “que nada tem a ver com a nossa filosofia de vida”, admite Nuno Dores, artista de rua e animador do grupo Mirakulaicos.
Dos muitos artistas que, precisamente em 1998, formaram a AnimaMais, apenas António Estátua e o palhaço Enano continuam, juntos, a lutar por este projecto. Sem fins lucrativos, o objectivo inicial mantém-se: “com muito amor, promover e divulgar a arte de rua”, diz Enano. Apesar de na altura “termos feito coisas muito interessantes na rua, para a gente de Lisboa”, hoje a associação tem um valor mais simbólico.
Sites:
Mirakulaicos
AnimaMais
Texto de Inês Alves e Telma Nogueira