UNL -
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
António
Henrique
de Figueiredo Pedro
de Albuquerque Emiliano
Departamento
de Linguística
Actividade
científica
A
actividade científica que se documenta na lista
de trabalhos e publicações que se segue articula-se em
função de três temáticas (ou
preocupações científicas) fundamentais:
- o
estudo de documentos notariais latino-portugueses enquanto fontes para
a história da língua e da escrita portuguesas
- a
emergência da escrita em português nos séculos
XII-XIII, como resultado da des-latinização da
tradição notarial precedente de base tardo-latina
- a
problemática da publicação de fontes medievais
para a história da língua portuguesa nas suas vertentes
paleográfica, diplomática, filológica e
linguística (i.e. reflexão sobre o processo de
edição enquanto mediação do texto medieval,
definição de critérios e normas de
transliteração e transcrição,
constituição e formatação de corpora)
Estas
três temáticas correspondem a três grandes
áreas de investigação inter-relacionadas nas quais
há ainda, em meu entender, grandes lacunas em Portugal, facto
que justifica a explicitação de algumas
considerações.
No corpus
latino medieval hispânico, a documentação
notarial constitui um domínio textual e comunicativo com
traços próprios, cuja importância para o
conhecimento dos períodos antigos das línguas
ibero-românicas não é de mais acentuar. Tive
ocasião de afirmar por escrito a este respeito na minha
dissertação doutoral que «a
documentação notarial latino-medieval é, pode
dizer-se, um verdadeiro “laboratório scripto-linguístico”
onde se ensaiaram durante séculos as soluções que
iriam desembocar no surgimento de ortografias românicas um
pouco por toda a Península no início do século
XIII.» (Emiliano 1995/vol.1: 5).
Continuo
persuadido da enorme importância que este tipo de
documentos tem para o aprofundamento do conhecimento das
fases antigas da história da língua e da escrita
portuguesas, e parece-me urgente promover e desenvolver projectos no
âmbito dos quais se pretenda levar a cabo o levantamento, a
publicação e o estudo scripto-linguístico da
documentação remanescente. O meu artigo de 2000 publicado
na revista galega Verba veio assim a constituir uma verdadeira
declaração programática; atribuo-lhe uma
importância particular porque é um texto que, em certo
sentido, definiu uma direcção para a minha
investigação pós-doutoral.
A melhor
compreensão do processo que levou à
emergência de uma scripta portuguesa em inícios do
século XIII irá fundar-se, estou certo, num melhor
conhecimento dos fundos documentais, através da
publicação de textos, não apenas portugueses (do
século XIII), mas também latino-portugueses e
proto-portugueses (ou seja, textos latinos
muito romanceados). À publicação das fontes
deve seguir-se o seu estudo diplomático, grafemático e
scriptolinguístico. Os escrivães que escreveram tanto as
versões portuguesas do Testamento de D. Afonso II de 1214 como a
Notícia de Torto de 1211-1216 foram treinados na
tradição notarial latino-portuguesa, como mostram bem
algumas das suas soluções scriptográficas.
Até finais do século XIII
encontram-se textos notariais, quer na chancelaria régia,
quer produzidos por tabeliães locais, que conservam
soluções
scriptográficas arcaicas, as quais documentam a
relação
estreita que existia entre a escrita portuguesa do século XIII
e a tradição latino-portuguesa que a precedeu,
relação
predita por Menéndez Pidal na sua teoria da “dos corrientes
de vulgaridad en la lengua notarial”.
Mas para que
os textos falem, ou melhor, para que possam ser
interrogados convenientemente, no sentido de fornecerem os
dados que os historiadores da língua buscam, é
necessário dar-lhes a condição de fontes
linguísticas, o que significa que é necessário
disponibilizá-los através de edições.
Editar um texto é
mediar o texto através da implementação de um
programa e de uma agenda editorial: em função dessa
agenda o texto pode sofrer um maior ou menor grau de
distorção na transfixação num suporte
moderno. Por outro lado,
não há edições definitivas porque
não
há edições objectivas, ou seja, não
há
edições que não dependam de um ponto de vista
e de um programa.
Tendo estes
aspectos em consideração, e dado que
considero que:
- uma
edição representa tanto melhor o texto medieval
quanto menos operações de transliteração
envolver,
- transcrever
e editar não são sinónimos de
transliterar,
- a
realização de edições interpretativas
deve basear-se em edições ultra-conservadoras, e
- nenhuma
edição de um texto medieval poderá
só por si satisfazer todos os potenciais públicos ou
usuários,
empreendi a
criação de um tipo medieval para computador,
para elaboração de edições
paleográficas estreitas, e também a
explicitação de critérios e normas de
transcrição para vários tipos de
edição de textos medievais para estudos
linguísticos, no âmbito das actividades da Linha de
Investigação 4 do Centro de Linguística da
Universidade Nova de Lisboa de que fiz parte, e que coordenei
desde 2000 até 2006. Trata-se de empreendimentos que
contribuirão,
espera-se, para um maior e melhor aproveitamento dos dados que os
textos fornecem, no âmbito do estudo da história da
língua e da escrita portuguesas medievais, e que estão
documentados na listagem que se segue em diversos trabalhos e
relatórios.
As diversas
áreas de estudo, investigação ou
interesse académico nas quais se inscreve actualmente
a minha investigação e estudo (tanto no âmbito
da docência, como no âmbito de projectos de
investigação ou de publicação de trabalhos)
podem ser caracterizadas da seguinte forma:
- Linguística
Histórica Geral e Linguística Portuguesa Histórica
- História
da Língua Portuguesa: período “proto-histórico”
(sécs. IX-XII) e período medieval (sécs. XIII-XIV)
- História
da Língua Inglesa
- Fonologia
Geral e Fonologia do Português Europeu
- Literacia
e Grafemática
- Codificação
Textual Electrónica (textos medievais)
1.
Participação em
centros e projectos de
investigação
- ver
sítio web da FCSH/UNL
2.
Projectos de
investigação em preparação (sem
financiamento atribuído)
- ver
sítio web da FCSH/UNL
3.
Participação em congressos, colóquios e
workshops
- ver
sítio web da FCSH/UNL
4. Trabalhos
e Publicações [selecção]: