PETIÇÃO
CONTRA A TERMINOLOGIA LINGUÍSTICA PARA OS ENSINOS
BÁSICO E SECUNDÁRIO (TLEBS)
TLEBS
– artigo da Wikipédia [autor(es) e fiabilidade desconhecidas]
NOMENCLATURA
GRAMATICAL PORTUGUESA – artigo da Wikipédia
[autor(es) e fiabilidade desconhecidas]
Dicionário
Terminológico – antiga TLEBS (Ministério
da
Educação, Direcção-Geral de
Inovação e de Desenvolvimento Curricular)
TERMINOLOGIA LINGUÍSTICA PARA
OS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO (TLEBS) —
página de João Andrade Peres, Prof. Catedrático de
Linguística da FLUL
Concorda
com a suspensão da TLEBS? – (NetProf, Clube dos Professores
Portugueses na Internet)
A
TLEBS no sapatinho (Vasco Graça Moura, DN, 21/12/2005)
A nova terminologia
linguística (Maria Alzira Seixo, FLUL, Visão,
28/10/2006)
Destaques:
«A
Gramática, e muito menos a Língua, não são
propriedade exclusiva do estudo da Linguística, ligam-se a
outras disciplinas em que são cruciais: a Literatura (lugar da
preservação de estruturas da língua e da
consagração de modos da sua inovação) e a
Filosofia, com a Lógica e a Filosofia da Linguagem;»
«não
é aceitável que se proceda a alterações
terminológicas segundo uma teoria dos fenómenos da
linguagem, a perfilhada por [Inês] Duarte, cujo trabalho é
apreciável em investigação mas, sem resultados
consensuais na universidade, não é representativa para
uma determinação ministerial;»
«A TLEBS
dirige a taxinomia da língua para raciocínios tecnicistas
e funcionais, com uma óptica exclusivista e auto-suficiente que,
não dialogando com áreas centrais do pensamento
humanístico, estreita a compreensão gramatical.»
«Esta
questão é de interesse público, não
é minudência de especialistas: condiciona formas de lidar
com a língua, incidindo em modelos de pensamento e, logo, da
actuação em sociedade.»
A
sublimação (Vasco Graça Moura,
DN, 01/11/2006)
Ainda a
TLEBS (Vasco Graça Moura, DN, 15/11/2006)
A
autópsia do Tioneu (Vasco Graça Moura,
DN, 21/12/2005)
TLEBS?
Não, obrigado. Prefiro o PORTUGUÊS “troglodita”!
(Broca, 22/11/2006)
TLEBS:
Editorial Diário de Notícias (João Morgado
Fernandes, DN, 23/11/2006)
Governo
admite recuar nos novos termos gramaticais (DN, 23/11/2006)
Discussão
sobre as virtudes e defeitos da TLEBS sobe de tom
(Público, 25/11/2006)
A
LÍNGUA QUE JÁ NÃO É DESTA PÁTRIA: AS
TERMINOLOGIAS LINGUÍSTICAS NO ENSINO (Carlos Ceia,
FCSH/UNL, 30/11/2006)
A TLEBS explicada aos
linguistas, autores da mesma, aos que a defendem e aqueloutros que
não foram ouvidos. Mais um caso do Ministério dos lobbies
e da cultura inculta (José Félix Costa, Instituto
Superior Técnico, 01/12/2006)
ELEMENTOS
PARA UMA CRÍTICA CIENTÍFICA DA TERMINOLOGIA
LINGUÍSTICA PARA OS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO
(TLEBS) (João Andrade Peres, FLUL, 06/12/2006) [ver o mesmo
texto
em PDF]
As vestais
(Vasco Graça Moura, DN, 06/12/2006)
Catedráticos
Linguística assinam petição para travar TLEBS
(Diário Digital / Lusa, 21/12/2006)
A
linguística da TLEBS (Jorge Morais Barbosa, DN, 26/12/2006)
A TLEBS
em 2007 (Vasco Graça Moura, DN, 03/01/2007)
«Deficiências»
obrigam a «trabalho de correcção da TLEBS» em
2007 e 2008 (Ciberdúvidas da Língua Portuguesa,
06/01/2007) - entrevista de de Luís Capucha, Director-Geral da
Inovação e Desenvolvimento Curricular do
Ministério da Educação ao jornal O Público
em 06/01/2007
"Deficiências"
obrigam a "trabalho de correcção da TLEBS" em 2007 e 2008
(NetProf, Clube dos Professores
Portugueses na Internet, 06/01/2007) - entrevista de de
Luís Capucha, Director-Geral da Inovação e
Desenvolvimento Curricular do Ministério da
Educação ao jornal O Público em
06/01/2007
TLEBS:
as seis evasivas (Vasco Graça
Moura, DN, 10/01/2007)
Nova
terminologia linguística poderá ser discutida no
Parlamento (Público, 11/01/2007)
Gramática:
Polémica leva TLEBS a debate no Parlamento (Diário
Digital / Lusa, 11/01/2007)
Insânia
e inconstitucionalidade (Vasco Graça Moura,
DN, 17/01/2007)
TLEBS:
ME suspende manuais escolares com nova terminologia
(Diário Digital / Lusa, 17/01/2007)
A
língua portuguesa como questão de Estado (João
Andrade Peres, FLUL, 20/01/2007) – Este texto foi publicado no caderno
Actual
do jornal Expresso de 20 de Janeiro de 2007, encontrando-se
disponível no Ciberdúvidas, com autorização
daquele semanário.
Destaques:
«a
Língua Portuguesa é uma questão de Estado e
existem fortes razões políticas que justificam a
actuação do Governo ao mais alto nível»
«a TLEBS
é cientificamente inaceitável»
«é
patente que o caso TLEBS está atolado num pântano
jurídico indigno de um país civilizado»
«[...] o
país espera do Senhor Primeiro-Ministro que, tendo em conta as
implicações de Estado aqui invocadas, dê à
Senhora Ministra da Educação, com a maior urgência,
o superior apoio político, com a garantia da
assunção de eventuais responsabilidades perante direitos
de terceiros, que seguramente será necessário para a
medida que, na situação actual, já se prefigura
como inevitável, isto é, a suspensão imediata e
generalizada da TLEBS em todos os níveis dos Ensinos
Básico e Secundário (conjuntamente com as actividades de
dita «formação» e o gabinete de apoio que a
secundam) e a reposição provisória da anterior
Nomenclatura, até que se encontrem soluções
legalmente válidas e cientificamente correctas.»
Petição
contra nova terminologia linguística já recolheu mais de
seis mil assinaturas (Público, 20/01/2007)
Iliteracia
e outros monstros (António Guerreiro, Expresso, 20/01/2007)
– texto postado no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em
21/01/2007
Petição
contra nova terminologia linguística entregue hoje no Parlamento
(Público, 25/01/2007)
Nova
terminologia linguística só será suspensa no
próximo ano lectivo (Público, 26/01/2007)
TLEBS
suspensa pelo Governo (Jornal de
Notícias, 26/012/2007)
Exame de
Português do 12º ano com perguntas sobre nova terminologia
linguística (Público, 02/02/2007)
TLEBS
suspensa —Nova terminologia retirada do ensino básico mas
mantida no secundário (SIC Online, 19/ 04/2007)
Suspensão da TLEBS no
Ensino Básico até 2010–2011 — Portaria 476/200, de 18 de
Abril
Consulta
pública da revisão da Terminologia Linguística
para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS),
(02/10/2007)
Outras
notas sobre a TLEBS revista (João
Andrade Peres, FLUL, 23/11/2007) – Texto publicado no caderno
Actual
do jornal Expresso de 24 de Novembro de 2007, encontrando-se
disponível no Ciberdúvidas, com autorização
daquele semanário [ver o mesmo texto em PDF]]
Destaques
«A TLEBS-2 (inspirada não importa onde) acolheu a
crítica. Como? De forma absolutamente drástica, isto
é, substituindo o que era mau por... nada. Como quem diz:
não gostaram dos modificadores do grupo verbal, pois tiram-se,
mas os circunstanciais, mesmo que rebaptizados de modificadores, nem
pensar. Perante tanta obstinação e arbitrariedade – mas
também clara falta de convicção –, eu pergunto-me
duas coisas. Em primeiro lugar, se já alguém – de entre
psicólogos do desenvolvimento cognitivo, pedagogos de
português experientes, etc. – provou com fundamentos
credíveis que os conceitos expressos pelos antigos complementos
circunstanciais são nocivos ao desenvolvimento cognitivo de
crianças e jovens ou se, pelo menos, se revelam inteiramente
inúteis para a parte desse desenvolvimento que envolve uma
melhor compreensão das propriedades das línguas que falam
e da relação destas com a realidade que os rodeia e ainda
a boa produção e compreensão de textos. Se a
resposta for afirmativa, eu calo-me, mas se não for – como creio
que não é –, então avanço com estoutra
pergunta: que direito têm um linguista X e um linguista Y de
erradicarem da nomenclatura do sistema gramatical português algo
que constitui um conhecimento partilhado, um adquirido comum que
atravessa várias gerações, direi mesmo um
património cultural da nossa forma de pensar a língua?
Que direito têm, repito? E que direito tem um Governo de
sancionar um acto que eu creio que não ficaria mal classificado
como devastação cultural? Que haja alguém com
poder de decisão que caia em si e ponha termo a esta
tragicomédia.»
«Confrange-me pensar que tantos erros como os que ainda constam
da TLEBS-2 – mais as lacunas, os desequilíbrios e os conceitos
mal estabelecidos – poderão ser propagados por esse país
além, sem que as vítimas sobre quem recairão,
alunos e professores, os possam rechaçar. E nem quero imaginar o
que seria o deplorável espectáculo de um país
inteiro a memorizar e papaguear a imensidade de dislates de que – do
mal, o menos – até agora já conseguimos ver-nos livres
(por força da luta cívica publicamente empreendida,
não por iniciativa do Ministério, ninguém tenha
dúvidas disso). É que temos de reconhecer, com todo o
realismo, que a formação que recebeu a maioria dos
professores não os habilitou com uma adequada e suficiente
capacidade de avaliação crítica de tudo o que
está em causa (apesar de haver óbvias
excepções de autodidactas que revelam um muito bom
nível de informação).
Creio que qualquer leitor deste texto e daquele a que serve de
complemento fica com a consciência clara de que os problemas
não são pontuais, mas antes de concepção
global do sistema gramatical e de que, consequentemente, é
irrealista pensar que quem até agora produziu o que se conhece,
na versão original e na revisão da TLEBS, está em
condições de imprimir ao documento outra
orientação. É a questão da milenar
máxima evangélica de que não se deve pôr
remendo novo em pano velho, porque este rasga.
Considerando inaceitável que se pretenda arrumar à pressa
e sem a ponderação devida uma matéria tão
importante como o aparelho conceptual e verbal com o qual iremos falar
da nossa língua, possivelmente ao longo de um lapso grande de
tempo (sei lá, se a NGP durou quarenta anos, uma nova
Terminologia talvez dure pelo menos dez), não entendo a
política do Ministério de querer à viva
força desencantar uma terminologia inteiramente nova para verter
nos futuros programas. Correndo o risco de ser impopular junto de
alguns, continuo a defender que o mais avisado seria criar um documento
que não mexesse nas questões mais intrincadas ou menos
consensuais, mas aproveitasse tudo o que facilmente se aceita como
profícuo para o ensino, nomeadamente uma grande parte do que
consta da TLEBS-2. Quanto ao núcleo da gramática, que
está mal tratado e para que não é fácil
encontrar uma boa alternativa num curto intervalo de tempo, acho que o
que se deve fazer é proceder a uma actualização
minimalista da NGP de 1967, corrigindo aquilo que hoje se sabe que deve
ter outro tratamento (quando se sabe, é claro, porque, como
vimos com as relativas substantivas, nem todos parecem saber) e que
é consensual entre a comunidade dos linguistas (que teria,
obviamente de ser consultada, pois ninguém a pode representar a
título nenhum). Quanto ao mais, esperar-se-ia que os
Ministérios da Educação e do Ensino Superior
(eventualmente com o ajuda da Fundação Gulbenkian, que
tem como uma das suas linhas de força o apoio à
língua portuguesa) conseguissem suscitar e financiar projectos
de investigação que contemplassem as zonas menos claras
da gramática do português, tendo em vista uma reforma
terminológica e de conteúdos programáticos mais
substancial num prazo médio razoável (tendo em conta os
problemas editoriais que necessariamente têm de ser tidos em
conta, talvez um intervalo de tempo idêntico ao agora
obrigatório para a vigência dos manuais escolares, que
não sei exactamente qual é, ou eventualmente mesmo o
dobro). A meu ver, esta seria a solução da
prudência e do bom senso, mas também da eficácia.
Tudo o mais será um exercício da tirania do erro, que o
Estado não tem o direito de impor aos cidadãos.»