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      O Fado voltou à rua


 
A. L. Henriques 

Pormenor de uma casa de fado
  O Fado voltou às bocas do povo. As esquinas do Bairro Alto são povoadas de letreiros que prometem fado e folclore, como marcas típicas do povo lusitano. Quarenta casas de fado lisboetas estão já listadas nas páginas amarelas. Cada vez se ouve falar mais de noites do fado, organizadas por associações, cafés, restaurantes. A pergunta impõe-se. O fado está na moda?

A Esplanada da Mouraria reabriu há seis meses, mantendo o fado como atracção. Já na Tasca do Chico, “nem sequer se pensava em Fado” , conta António Marcial, primeiro fadista da casa, sobre a abertura da Tasca, há dez anos. “Mas a coisa pegou, e assim continuou.”

É um regresso às bocas do povo e não só. O fado torna-se cada vez mais uma canção de diferentes elites, que avança fronteiras. Prova disso é o sucesso de Mariza no estrangeiro e toda uma nova geração que redescobriu o fado. Na Esplanada da Mouraria, António Grou, homem do fado desde muito cedo, diz que “há uma grande geração de Fado com uma grande futuro pela frente. Gente nova a cantar Fado e muito bem”.

Cândida de Castro, de 50 anos, cantava na Esplanada da Mouraria até há poucos meses. Para ela, “o Fado esteve perdido mas está a ganhar raízes novamente.” Quanto às novas tendências, diz que o fado “não mudou. A emoção é a mesma. Não o estraguem!”. Cândida destaca como as melhores fadistas da actualidade, Kátia Guerreiro e Joana Amendoeira. “A única que está a tentar mudar alguma coisa é a Mariza, é quem está a passar as fronteiras do Fado.” E sublinha “No fado não há inovações.”

Na Fnac do Colombo, as estantes dedicadas ao Fado são seis, onde se encontram alguns nomes mais sonoros, como Mariza, Amália Rodrigues ou Carlos do Carmo. “Os fadistas mais antigos são os mais procurados, sobretudo por um público mais velho” , esclarece Jorge Pereira funcionário da secção de discos da Fnac há três anos. Mas quando se fala em Mariza, a faixa etária estende-se, abrangendo o público “dos 25, 30 anos”.

Beatriz Ferreira, de 63 anos, dirige-se ao balcão de atendimento da secção de discos. Ela pergunta, justamente, por um álbum de Mariza. Para Beatriz, a nova geração do fado não está a mudar nada. “A emoção do fado continua a mesma”, afirma, com um sorriso.

     
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Marisa Figueiredo
marisa.fig@gmail.com