Texto nº13

Hino de Assurbanípal a Ashur

1 O muito grande, o proeminente entre os deuses, o que sabe tudo;

2 O venerável, o notável, o Enlil dos deuses, o que decreta os destinos.

3 Aššur, o grande senhor, o que sabe tudo;

4 O venerável, o notável, o Enlil dos deuses, o que decreta os destinos.

5 Que eu enalteça Aššur, o todo-poderoso, o proeminente entre os deuses, o senhor dos países.

6 Que eu exalte a sua grandeza e torne esplêndido o seu louvor.

7 Que eu exalte a reputação de Aššur e enalteça o seu nome.

8 Que eu torne esplêndido o louvor do deus que habita no É.HUR.SAG.GAL.KUR.KUR.RA[i].

9 Que eu invoque o todo-poderoso e louve o seu heroísmo.

10/11 Para mostrar ao mundo que há-de vir, que eu revele o deus que habita o É.ŠÁR.RA[ii], Aššur, o que decreta os destinos.

12 Que eu fixe a sua memória para que a posteridade a possa escutar.

13 Que eu enalteça o senhorio de Aššur para sempre:

14 O competente, de vasto entendimento, sábio[iii] dos deuses, nobre,

15 [...] criador (das criaturas) do céu e da terra, aquele que dá forma às montanhas,

16 [...] criador dos deuses, aquele que cria Ištar,

17 coração insondável, entendimento engenhoso,

18 eminente, cuja reputação é temida.

19 [...] do seu [...]Aššur, cuja ordem chega longe,

20 [...] cuja fundação, tal como uma montanha, não pode ser abalada.

21 [...] tal como o que está escrito no céu, não negligencia o tempo próprio.

22 Cuja palavra não pode ser alterada, cuja ordem permanece firme.

23 [...]cuja fundação, tal como uma montanha, não pode ser abalada.

24 [...] tal como o que está escrito no céu, não negligencia o tempo próprio.

25 [...] a tua palavra é pronunciada desde os primeiros tempos.

26 [...] nem um deus compreende a tua grandeza, ó Aššur.

27 A razão dos planos da tua grandeza não é compreendida.

28 [...] um deus não compreende [...]

29 a tua [...] a razão [...] da tua [...]não é compreendida.

30 [...] cujo ataque é irresistível.

31 [...] que fende montanhas

32 [...] que confia na sua própria força

33 [...] que destruiu as suas moradas.

34 [...] cujas armas [...]

35 [...] o que aniquilou Anzû[iv]

36 [...] combate

37 [...] derrota

38 [...] magnífico

39 [...] montanhas,

40 [...] teu

41 [lacuna]

42

43

44

Rev.

1’ [...]

2’ [...] que o teu [...] seja dito [...]

3’ [...] que ele não abandone

4’ Pela manhã, que ele planeie o bem para ti; à noite, que ele pronuncie [...]

5’ [...]Aššur [...]

6’ Anu, Enlil, Ea[v], Belet-ili[vi] e Mullissu[vii]

7’ reverenciaram a autoridade de Aššur na corte da assembleia dos deuses.

8’ Ordenaram que Assurbanípal, o governador de Aššur, providenciasse, ele sozinho (o culto).

9’ Entre os filhos e bisnetos, nos dias que hão-de vir,

10’ durante os longos reinados, por anos incontáveis,

11’ que o louvor de Aššur não seja olvidado; que ele seja recordado no Ešarra.

12’ Que seja incessantemente dito, que (te) abra o entendimento

13’ tal como fez comigo; Aššur confiar-te-á o domínio sobre o país e sobre o povo.

14’ A palavra de Aššur é gloriosa; grandiosa é a sua divindade.

15’ Louvor de Aššur, senhor dos senhores, herói. É benfazejo.
 


[i] Trata-se da capela de Aššur no Ešarra, o templo principal de Aššur.

[ii] É o templo principal de Aššur.

[iii] Trata-se de apkallu, um sábio ante-diluviano.

[iv] Ser mitológico. Tinha o aspecto de uma águia com cabeça de leão e simbolizava o caos que ameaçava a ordem instaurada pelos deuses primordiais.

[v] Anu, Enlil e Ea, deuses assimilados da religião suméria, constituíam uma tríade estruturante na religião mesopotâmica.

[vi] Deusa de origem suméria, ligada à criação e identificada com o útero, a quem os deuses pediram para gerar a humanidade.

[vii] Era a esposa de Aššur.

(Texto traduzido por Francisco Caramelo; a publicar na Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas)