03-10-06
ACTIVIDADES EDUCATIVAS
Actividades educativas |
Tempo de trabalho do estudante
(em %) |
Avaliação (em %) |
Trabalho em grupo |
25 |
20 |
Apresentação oral do trabalho |
10 |
10 |
Trabalho em grupo |
25 |
20 |
Apresentação oral do trabalho |
10 |
10 |
Teste escrito de avaliação |
30 |
40 |
10-10-06
-
Apresentação do sítio na internet de apoio à unidade curricular.
-
Orientação bibliográfica geral:
SANMARTÍN, Joaquín e SERRANO,
José Miguel, Historia Antigua del Próximo Oriente. Mesopotamia y
Egipto, Madrid, Akal, 2006.
-
Explicitação dos objectivos dos dois trabalhos em grupo, previstos no âmbito da avaliação da
unidade curricular.
-
Os grupos
serão constituídos por pares.
-
Cada tema
será trabalhado por dois grupos.
-
Cada um
dos grupos trabalhará autonomamente e apresentará o seu próprio texto.
Será sorteado o grupo que defenderá o seu trabalho, cabendo ao outro
grupo contrapor, criticar e complementar.
-
Cada
trabalho deverá ter no máximo 5 páginas. Veja as
orientações para a redacção.
-
O
trabalho deverá ser entregue até dia 14 de Dezembro.
12-10-06
Plano de aulas práticas
Outubro 2006 |
Novembro 2006 |
Se Te Qua Qui Se Sa Do
1
2 3 4 5 6 7
8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26
27 28
29
30 31 |
Se Te Qua Qui Se Sa Do
1
x2
3 4 5
6 7 8 x9
10 11 12
13 14 15 16 17 18
19
20 21 22 23 24 25
26
27 28 29 30 |
Dezembro 2006 |
Janeiro 2007 |
Se Te Qua Qui Se Sa Do
1 2
3
4 5 6 x7
8 9 10
11 12 13 14 15 16
17
18 19 20 21 22 23 24
25
26 27 28 29 30 31 |
Se Te Qua Qui Se Sa Do
1
2 3
x4
5 6 7
8 9 10 11 12 13
14
15 16 17 18 19 20
21
22 23 24 25 26 27
28
29 30 31 |
Caracterização geográfica:
Egipto e
Mesopotâmi a
-
A Mesopotâmia é,
em boa parte, um conceito essencialmente de ordem
geográfico-cultural (vd. os
mapas que
apresento em anexo). Os rios Tigre (Idiqlat) e Eufrates (Purattu)
constituem artérias vitais que estruturam o território.
-
Nascem
nas montanhas e quando chegam à planície as suas águas cobrem
amplamente as terras.
-
A Mesopotâmia é
limitada pelas montanhas, pelos desertos e pelas estepes. Limitada
pelas montanhas arménias, a norte, os desertos da Síria e da Arábia,
a oeste e os montes Zagros, a este, que separam esta região do
planalto iraniano.
-
Similaridades
entre norte e sul: recursos agrícolas abundantes; escassez de
minerais, pedra e madeira de qualidade. Tornavam-se necessários os
contactos com o exterior: África – marfim e ouro; Síria e Líbano –
madeira, mármore, basalto, cobre cipriota; Ásia Menor – prata e
cobre; Pérsia e Elam – madeira, cobre, estanho, lápis-lazúli
(Afeganistão).
-
Estas
necessidades abriram a Mesopotâmia ao exterior. O comércio e a
guerra constituíram as formas que concretizaram essa abertura.
-
O Egipto (ver
mapa)
é caracterizado por uma geografia que favorece a sua unidade e
coesão. O Nilo permite a sobrevivência do país, ordenando e
estruturando o território. A área cultivável está limitada ao vale
do rio e ao delta. Os seus limites naturais conferem unidade ao país
e protegem-no do exterior. A norte, encontra-se o Mediterrâneo; a
oeste, está o deserto líbio; a este, encontra-se o deserto oriental;
a sul, as cataratas do Nilo impõem obstáculos à navegabilidade do
rio.
Comparação entre Egipto e Mesopotâmia
-
No Egipto, a
natureza origina fronteiras fixas, com excepção do sul. Na
Mesopotâmia, os limites naturais são mais ténues, com excepção do
deserto arábico. Há um convite à unidade, no caso egípcio. No caso
da Mesopotâmia, os limites são mais as estepes do que os desertos.
As fronteiras naturais não impedem os contactos. A Mesopotâmia não
estava vocacionada para a unidade apesar das experiências
expansionistas. Facilmente a região se fraccionava, se abria a
infiltrações e até a invasões. Isto não impediu a originalidade e
até uma certa unidade da sua cultura.
Reflexão: A geografia
condicionou a história da Mesopotâmia e do Egipto? E de que
forma? |
17-10-06
Processo de
urbanização
-
A fixação das
populações nos vales dos rios. Comunidades rurais que se dedicavam
essencialmente à agricultura.
-
Ao longo do
Tigre, o estabelecimento de povoados importantes foi inicialmente
mais disperso. Afastados de ambos os rios, encontram-se alguns
povoados, especialmente no sul: os principais são Larsa e Isin.
-
Hoje, os
sumeriólogos sabem que existiu uma colonização anterior aos
sumérios. Kramer classificou esta ocupação pré-suméria como El Obeid.
-
Origem imprecisa
dos Sumérios. A arqueologia indica uma brusca e profunda evolução
cultural no sul da Mesopotâmia, pela segunda metade do IV milénio. A
cultura suméria impõe-se ao longo dos cursos dos rios, deixando a
sua marca civilizacional em toda esta região.
-
A importância da
água: as diferenças geográficas e ambientais entre a Alta e a Baixa
Mesopotâmia. Os problemas fundamentais da escassez e do excesso de
água.
-
A criação de um
sistema de irrigação. As diferenças entre o norte e o sul.
-
Na Alta
Mesopotâmia, o sistema de irrigação (diques e canais) obrigou a um
esforço superior, uma vez que a água não era tão abundante ou não
estava tão próxima.
-
As preocupações
com a irrigação levaram à necessidade de centralizar o poder,
emergindo um grupo dirigente, fixado nas cidades.
-
As cidades revelam maior desenvolvimento sócio-económico, divisão e
especialização da produção, maior diferenciação social. É nas
cidades que se fixam as estruturas políticas e que se centraliza o
poder.
19-10-06
Época Proto-Urbana
-
meados do IV
milénio. Baixa Mesopotâmia. Algum desenvolvimento civilizacional mas
ainda comunidades aldeãs. Só com um novo impulso civilizacional e
uma outra organização surgem as primeiras cidades. Primeiros
indícios de urbanização: olaria pintada (Uruk e Susa). Atravessa-se
uma revolução urbana. Paralelamente, verifica-se o aparecimento da
escrita: fase proto-literária.
-
Cerca de 3000,
desenvolvimento acelerado. Aparecimento da escrita e actividade
arquitectónica mais intensa.
-
A civilização
urbana surge quase simultaneamente na Suméria e no Elam e também
noutras regiões (Assíria, Irão).
As
estruturas político-religiosas na cidade
-
A configuração
política da Mesopotâmia, particularmente da Baixa Mesopotâmia,
caracterizava-se pela existência de numerosas cidades-estado e pela
consequente ausência de unidade política extensível a um espaço mais
vasto, o que é, em parte, explicado pelas condições geográficas
desta região que facilitavam o isolamento e o separatismo das
comunidades urbanas.
-
É possível que,
de início, o templo mais importante da cidade, o templo da divindade
tutelar ou principal, associasse também o governo da cidade. Nesta
altura, o chefe da cidade (EN = senhor), assumia, simultaneamente,
as funções políticas e as funções de carácter religioso. O EN era o
administrador da cidade e também o responsável pelo culto,
particularmente o culto da divindade principal da cidade. A
ideologia explica esta dupla condição do chefe, na medida em que
considerava o deus o verdadeiro senhor da cidade, restando ao EN o
estatuto de administrador e de seu representante (voltaremos a esta
questão; no plano ideológico, esta dupla condição manter-se-á). Por
conseguinte, as funções políticas e as funções religiosas não se
distinguiam na pessoa do EN. Era ele que ocupava o lugar de destaque
nas grandes cerimónias religiosas, liderando o culto e
responsabilizando-se por ele.
24 -10-06
-
Esta
preponderância do templo traduzia-se também em poder económico. Era
um grande proprietário fundiário. Nas suas terras cultivava-se e
criava-se gado. O templo possuía as suas oficinas de artesãos, os
seus armazéns, os seus recursos. O templo transaccionava mercadorias
e as suas produções, ocupando um lugar muito significativo no
comércio, o qual ia para além da própria cidade.
-
Como grande
proprietário de terras, o templo reservava parte para a satisfação
das suas próprias necessidades, distribuindo algumas parcelas como
forma de remunerar o pessoal que trabalhava para o templo e outras
destinava-as ao arrendamento. Mais tarde, o Palácio e os
particulares emergem também como proprietários fundiários,
contrariando a tese de um monopólio absoluto por parte do templo.
-
Progressivamente, sobretudo já na primeira metade do III milénio
a.C., entre o período proto-urbano recente e Akkad, as cidades
começam a reforçar as suas estruturas defensivas. Terá sido por esta
altura que começou a surgir o palácio como edifício autónomo e
diferenciado do templo. Talvez a conflituosidade entre as cidades se
tenha tornado mais intensa; talvez se adivinhassem as ameaças
extra-sumérias. Terá sido então que o chefe da cidade se terá
começado a intitular LU.GAL (rei). O primeiro terá sido Mebaragesi,
rei de Kish (c. 2700 a.C.). Hoje, a bibliografia coloca, no entanto,
o início do período dinástico cerca de 2900 a.C.
-
Esta
conflituosidade permanente é um dos factores que permite explicar a
centralização do poder e a emergência de um chefe temporal. Apesar
da persistência da fragmentação política, verifica-se uma tendência
para o expansionismo. Expressões como «rei das quatro regiões» e o
domínio «desde o mar inferior até ao mar superior» serão depois
confirmadas na Assíria e na Babilónia: rei da totalidade e ambições
de império universal. Por enquanto, é apenas uma noção teórica. Quem
comanda na guerra torna-se também o chefe político da cidade e
embora conserve, no plano ideológico, a sua supremacia como grande
sacerdote, a verdade é que a esfera do temporal se vai
progressivamente distinguindo da esfera do culto e do religioso.
-
O Palácio vai
ganhando contornos semelhantes aos do Templo, com as suas terras,
com as suas oficinas, com os seus armazéns, com os seus camponeses,
com os seus artesãos, com os seus mercadores.
26 -10-06
Templo e Palácio são as grandes estruturas políticas e sociais da
cidade. Aglutinantes, levam à constituição de dois mundos
diferenciados. No entanto, ao contrário do que, durante algum tempo,
se tornou comum defender, não se verifica uma rivalidade entre o
Templo e o Palácio. A definição das esferas de actuação do Templo e
do Palácio é um processo gradual que não se revela estruturalmente
conflituoso, apesar de haver alguns momentos mais críticos. Templo e
Palácio complementam-se, dando forma à ordem social, política e
religiosa na cidade. Colaboram, na medida em que se o Palácio
alimenta o Templo com doações de terras e de outros bens, este
contribui para a sua legitimação política e ideológica.
O rei exerce o
seu poder em níveis que podemos formalmente distinguir:
- O culto.
O rei é responsável pelo culto, construindo templos, restaurando
outros, fazendo-lhes doações, sacrificando aos deuses, ocupando um
papel de destaque nas cerimónias religiosas mais importantes.
- A
administração. O rei administra o património da divindade tutelar,
o que significa que governa a cidade em seu nome. Por outro lado, deve
defendê-la de ameaças exteriores e até aumentar o seu domínio.
- A justiça.
A justiça é aqui um conceito muito abrangente, envolvendo não apenas a
que se pratica nos tribunais, mas reflectindo o plano mais profundo
das relações entre as pessoas e entre estas e os deuses. O rei
apresentava-se como o garante da equidade, da harmonia na sociedade e
da obediência moral aos deuses
Tendências
-
O
desenvolvimento do direito. Sintomático da complexificação e
consolidação do Estado. Devido às grandes transformações económicas
e sociais: aumento da produção agrícola, desenvolvimento das
actividades transformadoras, incremento da propriedade privada,
desenvolvimento das relações comerciais. As várias compilações
legais, mais do que constituírem instrumentos da aplicação da
justiça, reflectem a organização jurídica de uma sociedade em
transformação.
-
A situação
de guerra endémica entre as cidades tornava necessária a mobilização
sempre pronta dos seus habitantes, o que favorecia a ocorrência de
abusos e de impostos pesados. Impunham-se as reformas sociais e
económicas. As primeiras medidas conhecidas são as reformas de
Entemena (Lagash, c.2430 a.C.). Seguem-se as reformas de Urukagina.
De acordo com a mentalidade da época, as reformas surgem como uma
forma de contrato com a divindade tutelar da cidade (Ningirsu). É
possível que se tenha verificado a conivência do clero de Lagash que
tinha sido fortemente penalizado pelo predecessor Lugalbanda.
Restabelecem-se os direitos do clero lagashita com a devolução de
bens imóveis; restabelece a justiça para com os indigentes; protege
o órfão e a viúva; amnistia presos; proíbe a extorsão; reduz
impostos. Ao que parece, estas reformas correspondem a um esforço
geral legislativo e reformista que ocorre em diversas cidades
sumérias por volta de 2400 a.C.
·
A
semitização da Mesopotâmia
-
Não se trata de
um conflito étnico ou de uma invasão. As divisões entre o norte e o
sul não são mais decisivas do que os conflitos entre as diversas
cidades e a procura da hegemonia (caso de Lagash e Umma).
-
Deve admitir-se
o aumento de elementos semitas na população mesopotâmica. Estas
ondas atingiram todo o Médio Oriente antigo. Alcançaram também o
Egipto, com as migrações para o Delta, no I Período Intermédio.
-
Misturam-se com
as populações sedentárias, formando uma síntese e assimilando a
cultura suméria.
-
O sul foi
marcado por uma longa ocupação suméria bastante homogénea. No norte,
temos um predomínio semita. O reino de Kish parece ter sido a
fronteira. O elemento semita foi-se impondo progressivamente. As
referências foram-se tornando cada vez mais frequentes nos arquivos
de Lagash, Nippur e Adab.
-
Lugalzaggesi
rompe com a tradição puramente suméria ao fazer referências mais
universalistas nas suas inscrições e ao manter um panteão que não se
limita aos deuses da cidade.
Da cidade-estado ao «império»
-
A
conflituosidade permanente entre as cidades-estado e a procura
constante da hegemonia leva a que, já no séc. XXIV a.C., Lugalzagesi
(Umma) tenha conseguido unificar a Suméria. A sua realeza assenta em
referências mais universalistas (nas inscrições reais e na
titulatura) que estavam ausentes dos horizontes políticos, mais
limitados, das monarquias das cidades sumérias.
-
É com Sargão de Akkad (ler o texto da
Lenda de sargão)
que se verificará, no entanto, um impulso mais significativo a
caminho de uma unidade política mais extensa e mais permanente. No
séc. XXIV a.C., Sargão consegue dominar a Suméria, vencendo
Lugalzagesi, lançando o ataque cerca de 2370 a.C.; submete o Elam.
As inscrições referem-se, porventura com exagero, a conquistas no
norte da Síria e na Anatólia. No entanto, mesmo que se trate de
efabulação da propaganda real, estas afirmações revelam as novas
ambições políticas da monarquia acádica.
-
A monarquia
acádica concretiza a união de Sumer e de Akkad, contribuindo para a
emergência de uma civilização que sintetiza a herança cultural dos
Sumérios, fortemente sedentária e urbana, e a cultura semita, de
raiz diferente, marcada por tradições, práticas, costumes e por uma
mundividência que encontram explicação nas suas origens nómadas e
tribais. No entanto, apesar de Sargão dar expressão política a esta
síntese, o fenómeno de sincretismo cultural não era novo e começara
muito antes.
-
Atitude do
centro político em relação às periferias e zonas submetidas.
Relativamente à Suméria e ao Elam, Akkad procurou não
susceptibilizar, optando por permitir que essas regiões mantivessem
as suas instituições, ainda que submetidas ao centro. Todavia, esta
autonomia era muito relativa. Os ensi das cidades não
passavam de governadores dependentes de Akkad. A antiga aristocracia
foi substituida por uma nobreza de funcionários dependentes também
de Akkad.
-
Os
particularismos regionais não desapareceram e nos reinados
seguintes, depois da morte de Sargão, a contestação a Akkad
intensificou-se. Com Naram-Sin, a vaga de contestação acentuou-se
profundamente, atingindo todo o império. Às tendências centralistas
e integracionistas de Akkad opunham-se as tradições políticas
regionais e os particularismos antigos. Entretanto, nos montes
Zagros, os Lullubi e os Gútios ameaçavam as fronteiras do império. O
Elam, que já gozava de relativa autonomia, revoltou-se após a morte
de Naram-Sin. A ocidente, os nómadas amorritas penetravam no reino e
começavam a instalar-se. Cerca de 2230 a.C., os Gútios invadem a
Mesopotâmia, não poupando o próprio Elam.
Responda ao
1º Teste Diagnóstico e
siga as instruções.
IMPORTANTE:
O questionário ser-me-á enviado automaticamente por e-mail. Todavia,
na eventualidade de não usar o Outlook Express, deverá seguir
os passos indicados:
1) Na página do questionário, ir à
janela "Editar" e escolher a opção "Seleccionar tudo";
2) Escolher a opção "Copiar";
3) Dentro do corpo da mensagem de
correio, faça "Colar";
4) Envie o e-mail para F.Caramelo@netcabo.pt
31 -10-06
Características estruturantes
da
monarquia de Akkad
-
O Estado pratica
uma política comum e centralista.
-
Um exército mais
numeroso revelou-se um instrumento essencial para a concretização
desta política.
-
Uma nova
titulatura que traduz a amplitude das suas ambições políticas (šar
kiššatim = rei da totalidade; šar kibrâtim arba’im = rei
das quatro regiões), em substituição do título sumério de lugal Kiški.
-
Sincretismo
religioso.
-
O Templo perde
algum poder económico, enquanto o Palácio e os particulares reforçam
o seu peso na posse da terra.
-
O comércio
internacional e as grandes rotas são facilitados pela existência de
uma unidade política extensa.
Ur
III e o «renascimento sumério»
-
Após a
decadência de Akkad (inícios do séc. XXII a.C.), instala-se na
Mesopotâmia um período que se caracteriza novamente pela ausência de
unidade política e que passa, em grande medida, pelo domínio gútio,
o qual não se traduz na reposição de um poder extensivo que
substituísse Akkad. Algumas das cidades sumérias aproveitam esta
situação e «renascem das cinzas». Lagash e Uruk começam por
protagonizar este processo de recuperação. No entanto, esta
revitalização assentou numa espécie de submissão relativamente aos
gútios. Uruk submeterá os Gútios no final deste século. Será com
Utuhegal, cerca de 2116 a.C. Durante o seu reinado, Ur-Nammu é
designado shagin de Ur. Este revolta-se e torna-se independente.
Será Ur, até aí submetida a Uruk, que, liderada por Ur-Nammu,
protagonizará a nova unidade política na Mesopotâmia, ainda que com
contornos mais limitados do que Akkad. A relação ancestral com Uruk
será mantida em termos ideológicos. Para justificarem a sua
legitimidade, os reis de Ur sustentarão uma relação com os
longínquos reis-heróis de Uruk. Intitulam-se «filho nascido de
Ninsun» (mãe de Gilgamesh) ou «irmão de Gilgamesh». Lugalbanda é
visto como o pai mítico dos reis de Ur. Ur-Nammu concretizará as
pretensões de Utuhegal; derrota Lagash e instala ali um ensi;
pacifica o resto do território. Para este novo império, Ur-Nammu
encontra um novo título - «rei de Sumer e de Akkad». Reconstruiu
templos e outros edifícios públicos, rodeou a capital de muralhas,
abriu canais e deu atenção à regulação social.
-
O seu esforço
reorganizativo, para além da administração do território e da
justiça, manifesta-se no plano da construção: construção e
reconstrução de edifícios públicos e templos.
-
Shulgi
continuará a obra de seu pai. Reina durante 48 anos. Dedica-se, na
primeira parte do reinado, à actividade administrativa interna:
reconstrução de templos, reforma de pesos e medidas, reorganização
do exército. Intitula-se «rei das quatro regiões».
-
Na segunda parte
do reinado, volta-se para a actividade militar. As franjas do reino
estavam em efervescência.
Características estruturantes
Aprofundamento
da organização política e administrativa do império. Dois
funcionários importantes a nível local: a) o ensi é o funcionário
administrativo e a autoridade judicial mais importante da cidade.
Depende fortemente do poder central. A sucessão dentro da mesma
família é rara, como é rara também a concentração de poderes, o que
é sintomático de um estado forte e centralizado. b) o šakin (shagin)
era a autoridade militar. Por vezes, não se distinguem claramente as
competências de um e de outro.
Tinham a função
de arrecadar impostos, exercer a justiça, dirigir trabalhos
agrícolas e empreendimentos públicos como a construção ou reparação
de canais.
Uma das linhas essenciais da política
externa: abertura das rotas e a sua protecção (matérias-primas
vitais). Também a prevenção contra os Gútios. Outra preocupação era
a infiltração dos Amorritas na Mesopotâmia do norte, desde o final
da dinastia de Akkad.
Outra linha importante foi a
diplomacia com o recurso à política de casamentos.
É difícil determinar as dimensões do
reino até porque o título de ensi é ambíguo, podendo designar o
funcionário real ou o príncipe estrangeiro. Incluía a planície
babilónica, o sudeste da Mesopotâmia (Sumer e Elam); Eufrates médio
em redor de Mari e o Tigre médio em torno de Ashur. Ur inclui assim
os territórios semitizados.
Os centros
principais: Ur era a sede do poder; Uruk continuava a ser uma
referência importante; Nippur era um centro religioso. Nippur era
governada por um ensi, com tendência para se tornar hereditário. Por
outro lado gozava de certas prerrogativas fiscais.
Consulte os mapas e as cronologias
disponíveis nos
recursos |
O fim de Ur III e
os novos
equilíbrios que se
sucedem
-
Ur III acaba por
desaparecer como resultado das pressões que se registavam em várias
frentes sobre o império: a ocidente, os Amorritas; a oriente, o Elam
e a nordeste, os povos dos Zagros. Desta conjunção de frentes
resultará a queda de Ur III cerca de 2005 a.C.
-
Os Amorritas
estão na origem da formação de várias dinastias que chegam ao poder,
a partir desta altura, em várias cidades e reinos da Mesopotâmia.
São os casos de Mari, da Assíria e da Babilónia. São nómadas
oriundos do deserto que se sentem atraídos pelas regiões habitadas
pelos sedentários. Penetram em regiões como a Síria, a Palestina, a
Transjordânia e a Mesopotâmia. A sua penetração começa ainda no
período de Akkad (séc. XXIII). Sucedem-se sobretudo as infiltrações
pacíficas que vão alterando as características étnicas da população
mesopotâmica. Nova investida no final do período de Ur que irá
contribuir para a emergência de novas dinastias. Estas beneficiam
também da desorganização política que se segue ao fim de Ur III.
O
período de Isin-Larsa:
o
novo equilíbrio geo-político
-
Depois da queda
de Ur III, sucede um período marcado pelo equilíbrio político entre
as cidades de Isin e de Larsa que disputam a hegemonia ao longo dos
sécs. XX e XIX. A Babilónia era, entretanto, uma região submetida,
governada por um ensi.
-
a partir do
reinado de Lipit-Ishtar (1934-1924), acentua-se a decadência de Isin
e vai aumentando o poder de Larsa. Cerca de 1930, alargamento do
território de Diyala até Elam. Cerca de 1925, apodera-se de Ur e
torna-se rei de Sumer e de Akkad. A posse de Ur era importante
devido ao seu prestígio e ao controlo do comércio de Dilmun. Assim o
comércio do Golfo começa a afluir a Larsa. Só que agora havia também
um poder económico privado e já não apenas o estado. Este continuava
a desempenhar um papel importante no desenvolvimento agrícola, por
exemplo na manutenção de canais.
Situação comum a Isin e a Larsa
-
abandono
progressivo das estruturas estatais que já vinham de Ur. É o caso do
comércio. Evolução em Isin para a propriedade privada. É um passo
para a secularização da propriedade eclesiástica. O fenómeno afectou
também a propriedade real.
-
A Babilónia
ocupa um papel cada vez mais activo. No tempo de Ur III, era
administrada por um ensi mas a partir de 1894 torna-se independente.
-
O Egipto tinha
nesta altura uma grande influência sobre a Palestina e a Síria. As
relações eram mais intensas com as cidades costeiras (ex. de Biblos).
A partir de 1880, as cidades palestinenses começam a amuralhar-se.
No Egipto, assiste-se ao início de um período de agitação interna.
Também infiltrações asiáticas que prenunciam as invasões hicsas.
Cerca de 1800, a influência egípcia na Ásia degrada-se.
A situação política entre os fins
do séc. XIX e a primeira metade do séc. XVIII a.C.
-
A Babilónia
tornara-se um estado independente a partir de 1894 a.C.
-
O Elam
liberta-se novamente.
-
A Assíria é uma
potência importante na Alta Mesopotâmia, desenvolvendo relações
comerciais intensas com a Capadócia (região da actual Turquia),
beneficiando estrategicamente da existência de pequenos estados da
Ásia Menor que sistematicamente se hostilizavam e que reconheciam a
suserania assíria. No entanto, esta prosperidade assíria é
interrompida por mudanças políticas entretanto registadas na Ásia
Menor (cerca de 1830 a.C.).
-
A partir de
cerca de 1814 a.C., Samsi-Addu, de origem amorrita, chega ao trono
assírio, o que coincide também com um período de complicadas
alianças estratégicas entre as diversas potências mesopotâmicas. A
Babilónia aproveita os conflitos entre os outros estados como
Ešnunna, Alepo (na Síria), a Assíria e Mari e progressivamente
acabará por se impor como a potência dominante na Mesopotâmia, com
Hammurabi (1792-1750 a.C.), submetendo os seus adversários.
02-11-06
A situação política na segunda metade do II milénio a.C.
-
A hegemonia política e militar sobre a
Mesopotâmia e sobre a Siro-Palestina é disputada, neste período, por
a Assíria e por a Babilónia, mas também por novas potências como o
Mitanni e o Hatti. Entretanto, também o Egipto (no Império Novo,
sobretudo entre as XVIII e XX dinastias) intervém na Ásia ocidental,
até ao Eufrates, disputando a hegemonia sobre a Síria e sobre a
Palestina.
-
Em 1595 a.C., a Babilónia foi derrotada pelo
Hititas, facilitando, deste modo, a ascensão de uma dinastia de
origem cassita, proveniente dos montes Zagros, a leste.
-
O Mitanni é um estado composto por população
hurrita, mas onde lidera uma aristocracia indo-ariana. No séc. XVI
a.C., o Mitanni consegue impor-se a uma série de pequenos estados do
norte da Mesopotâmia. Entretanto, inicia uma expansão para o norte
da Síria, beneficiando da instabilidade local. O Hatti está em
decadência. No séc. XV, o Mitanni é uma das maiores potências. A sua
hegemonia e/ou a sua influência estendem-se desde a Síria e
Palestina até à Assíria, possivelmente submetida ao Mitanni, neste
período. O seu período de maior influência e domínio corresponde ao
enfraquecimento que se verifica no Egipto durante o reinado de
Hatshepsut. No entanto, com Tutmósis III, seu sucessor, o Egipto
recupera antigas posições na Ásia ocidental e expande a sua
influência. A Assíria, interessada no enfraquecimento do Mitanni,
aproxima-se do Egipto. Após 1440 a.C., o Egipto e o Mitanni procuram
o equilíbrio político, temendo a recuperação que o Hatti entretanto
registava. Exemplo desta aproximação estratégica é o casamento de
Tutmósis IV com a princesa mitânia, filha de Artatama I.
-
O Mitanni atravessava irremediavelmente um
processo de decadência devido às pressões externas (Egipto, Hatti e
Assíria), mas também devido a querelas dinásticas internas. O Egipto
era agora a principal potência, exercendo forte domínio e grande
influência na Síria e na Palestina.
-
A partir de 1430 a.C., beneficiando da
decadência do Mitanni, o Hatti começa a impor-se na Síria. Os
arquivos egípcios de Amarna dão a conhecer a correspondência enviada
pelos príncipes sírios e palestinenses, onde estes se amostram
preocupados com a pressão hitita e com os conflitos regionais que
revelam a fraqueza egípcia neste período. Pedem socorro ao suserano
egípcio.
-
O reinado de Amenófis IV (1379-1362 a.C.), bem
como os seguintes, correspondem a um período de enfraquecimento
externo do Egipto que descuida a política asiática (veja o
texto). O Hatti
aproveita e vai-se impondo como potência hegemónica na Síria e na
Palestina.
Com Ramsés II (XIX dinastia), o
Egipto recupera algumas posições na Ásia ocidental, mas para
Egípcios e para Hititas avizinhava-se uma ameaça comum - os povos do
mar. Egipto e Hatti aproximam-se e estabelecem um acordo que assenta
em objectivos comuns que têm a ver com a não agressão mútua, com a
defesa comum, com o apoio em caso de revoltas internas, com a
extradição, com o policiamento de fronteiras (veja o
texto).
Os povos do mar vêm provocar uma grande
instabilidade no Próximo Oriente, a que não escapam o Egipto e o
Hatti. O Hatti deixa-se eclipsar pelas invasões dos povos do mar. O
Egipto sai muito enfraquecido destes confrontos e deixa de intervir
na Siro-Palestina, de forma permanente, durante muito tempo. A
leste, a Assíria e a Babilónia revelam grandes dificuldades devido à
expansão arameia que parece repetir o fenómeno amorrita ocorrido
muitos séculos antes.
Esta instabilidade geral e a incapacidade de
exercer a hegemonia, por parte de qualquer uma das potências
tradicionais, explicam, em grande medida, o aparecimento e
sobrevivência política de pequenas cidades fenícias; explica também
o aparecimento dos estados transjordanos; justifica a existência dos
pequenos reinos filisteus; finalmente ajuda a perceber o
aparecimento de Israel em Canaã e o seu estabelecimento como uma
potência média durante os reinados de David e de Salomão.
O I milénio a.C.: a Assíria e a Babilónia
-
A partir do séc. X a.C., a Assíria inicia um
processo de restauração nacional. O primeiro impulsionador deste
processo foi Aššur-dan II.
-
A guerra torna-se uma decisiva fonte de
recursos (em matérias-primas e em mão-de-obra) para a Assíria, que
consolida o exército.
-
Aššur-dan II assegura o controlo sobre
importantes rotas de comércio a norte e a leste do país.
-
O sucessor, Adad-nirari II, consegue impor
derrotas aos Arameus e expande os territórios controlados pela
Assíria. Nesta fase, a Assíria e a Babilónia atravessam um período
de paz.
-
Aššur-nasir-pal II leva a cabo campanhas
militares na Síria, nas montanhas do Líbano, chegando ao
Mediterrâneo. A guerra intensifica-se. O objectivo das campanhas
militares, que os Assírios levavam a cabo todos os anos,
traduzia-se, no essencial, em recolher os tributos e não em ocupar
permanentemente os territórios por onde passavam.
-
Na segunda metade do séc. IX a.C., a Assíria
procura, com Salmanasar III, dominar a Síria e a Palestina, mas
depara com a forte e organizada resistência das cidades fenícias. As
facilidades não são tão grandes como no reinado anterior.
-
Entre 827 e 745 a.C., a Assíria atravessará
uma grave crise interna, possivelmente provocada por
descontentamento e reivindicações da antiga aristocracia contra a
nova aristocracia, a elite de governadores dos novos territórios.
Estes eram mais extensos e originavam mais riqueza, mais prestígio e
mais poder político.
-
Consequentemente, a Assíria perde alguns dos
territórios que havia conquistado a ocidente do Eufrates e os reinos
sírios deixam de pagar os tributos a que estavam obrigados. A
Babilónia aproveita o momento para intervir na Assíria, embora sem
sucesso.
-
O período de maior apogeu para a Assíria
inicia-se com Tiglat-Falasar III. Entre 743 e 738 a.C., vence a
coligação siro-urartiana e os dinastas arameus. Em 734 a.C.,
conquista Damasco e controla a Palestina. Israel (o reino com
capital em Samaria) é dominado em 732 a.C.
-
Forma-se uma coligação siro-efraimita, de que
fala Isaías (7,4-9 e 2 Rs. 16,5). A coligação havia sido formada em
735 a.C. com o rei de Damasco (2 Rs.15, 27-29). Judá aceita a
submissão à Assíria e não embarca nesta aventura.
-
A Babilónia é finalmente integrada no império
em 729 a.C. Em 727 a.C., Tiglat-Falasar III faz-se entronizar rei da
Babilónia, o que não deixa de traduzir uma sensibilidade diferente
para com este país e um respeito pela sua cultura e pela sua
religião. O rei torna-se o senhor de uma monarquia dualista.
-
A guerra assíria torna-se doravante uma guerra
de conquista e de ocupação. Os territórios conquistados tornam-se
províncias e são integrados no império.
-
A prática das deportações tornou-se corrente e
conduziu à arameização do império, contribuindo para a sua
homogeneização.
-
Nos reinados seguintes, prosseguiu a mesma
política expansionista. O reino de Israel foi conquistado em 722
a.C., tendo sido deportado um grupo considerável da sua população
(cf. Rs. 17,6 e 18,11).
-
Em 714 a.C., Sargão II dominou os Zagros e o
Urartu.
-
As revoltas na Síria e na Palestina eram
constantes e era para aí que estavam agora voltadas as atenções da
Assíria. Judá, que antes recusara entrar na coligação anti-assíria
(2 Rs. 18), dava agora esse passo e a reacção não se fez esperar (2
Rs. 18, 14).
-
O Egipto foi finalmente dominado pela Assíria
em 671 a.C. por Assaradão, mas por pouco tempo. A dinastia saíta
restaurará a independência.
-
Os problemas mais graves começam na segunda
metade do séc. VII a.C. O Egipto recuperara a independência e começa
a interessar-se pela política asiática. Os vários reinos da Síria e
da Palestina começam a coligar-se e a revoltar-se. A Babilónia
recupera a sua independência em 626 a.C. O Elam é outra frente de
pressão, neste caso a leste.
-
A Assíria acaba por desaparecer
em 609 a.C., vendo o seu império ser dividido entre os
Neo-babilónios, que ficam com os territórios a ocidente, e os Medos
que se apoderam dos territórios orientais.
Apresentação dos
trabalhos - indicações gerais
|
07-11-06
09-11-06
14-11-06
a
política externa no
Império Novo.
16-11-06
Sobre a unificação do Egipto, veja a
apresentação relativa ao Período pré-dinástico.
21-11-06
23 -11-06
-
No Egipto, o rei é o senhor de todo o país, das
suas terras e da sua gente.
-
Mas, obviamente, esta era apenas a ideologia
real, isto é, a concepção oficial de poder real. Na realidade, as
elites constituíam grupos de pressão que condicionavam o exercício do
poder faraónico.
-
Entres esses grupos, devemos incluir as elites
militares, os grupos sacerdotais, as elites político-administrativas,
mas também a própria família real.
Indicações sobre os trabalhos
- A
entrega do 1º trabalho deverá decorrer impreterivelmente até 14 de Dezembro. Caso não seja
entregue até esta data, o atraso implicará uma penalização na
classificação.
-
A
entrega do 2º trabalho deverá decorrer impreterivelmente até 4 de
Janeiro. Caso não seja
entregue até esta data, o atraso implicará uma penalização na
classificação.
- Os
trabalhos deverão ser entregues em papel e deverão também
ser enviados por
correio electrónico para:
F.Caramelo@netcabo.pt
- O
grupo que apresenta e o grupo que comenta ficarão assim a
conhecer os respectivos trabalhos.
- Todos
os alunos deverão intervir na apresentação ou comentário do
respectivo trabalho.
- O
docente estará disponível no dia 15 de Dezembro para prestar
esclarecimentos e aconselhamento relativamente à apresentação
dos trabalhos; os alunos devem, todavia, fazer previamente a
marcação de reuniões.
- As
reuniões de orientação dos segundos trabalhos decorrerão
apenas até 15 de Dezembro.
|
28 -11-06
-
A realeza faraónica é caracterizada por uma
dimensão ritual que configura o estatuto divino e sagrado da realeza
faraónica.
-
A realeza sagrada sintetiza a unidade do Egipto
e a sintonia com o divino.
-
O protocolo real e a ideologia real faziam do
Faraó um deus vivo - um Hórus vivo.
-
A partir da V Dinastia, o culto e a teologia de
Ré conquistam uma dimensão mais universal.
-
Ré torna-se uma divindade profundamente
associada à dinastia.
-
O Faraó torna-se «filho de Ré». Torna-se
herdeiro do demiurgo.
-
A filiação divina não diminui ontologicamente o
Faraó. Este não deixa de ser um Hórus mas conquista novos atributos
que reforçam a sua divindade.
30-11-06
-
A filiação divina não impede que, a partir do I
Período Intermédio, se comece a desenvolver a noção de que o exercício
do poder real é algo que também se aprende e que tem uma dimensão
política. O
Ensinamento para o rei Merikaré ilustra essa nova
perspectiva.
-
O Faraó está condicionado pela maat, da qual até
os deuses se alimentam.
-
Esta noção não é, no entanto, incompatível com a
dimensão divina da realeza. Esta continuava a ser necessária para
justificar e legitimar a instituição real.
-
Havia uma relação metafísica entre o Faraó e a
ordem do mundo. Competia-lhe garantir a prosperidade e a acção
benfazeja da natureza. Esperava-se que o rei conservasse a ordem e
perpetuasse a criação.
-
Esta construção ideológica ir-se-á adaptando às
novas condições políticas de cada época.
-
No final do Império Novo, esta relação entre o
Faraó e a ordem do mundo extrema-se. O próprio rei será julgado pelo
cumprimento da maat e o seu comportamento terá reflexos sobre o mundo.
-
A imagem do faraó e o protocolo real traduziam
essa concepção do poder real e especialmente o seu carácter divino.
-
A titulatura do Faraó reflectia a complexa
construção ideológica que caracterizava a instituição real:
- Hórus
- As duas senhoras (senhor das duas coroas)
- Hórus de ouro
- Rei do Alto e do Baixo Egipto (da Cana e da Abelha)
- Filho de Ré
-
A indumentária real contribuía obviamente para
essa construção, tornando-o distinto de todos os seus súbditos. A
barba postiça, o cabelo envolto e os seus toucados, as suas diversas
coroas, a coroa dupla, o uraeus.
-
O cerimonial da corte e as aparições do Faraó
deveriam ser cuidadosamente preparadas e encenadas, pois era
fundamental transmitir a convicção de que se tratava de um deus.
-
O Faraó desempenhava um papel central em alguns
ritos ligados à realeza. Estes ritos confirmavam o carácter divino da
realeza. São exemplos festivais religiosos como Min, o qual acentuava
a relação próxima entre o Faraó, a agricultura e a fertilidade dos
campos. O rei é representado sacrificando a Min ou cavando a terra,
visitando as estruturas de irrigação; também o festival Sed estava
associado à ordem do mundo. Teoricamente, celebrava-se ao fim de
trinta anos de reinado, significando o rejuvenescimento do rei, mas é
provável que, frequentemente, tenha sido comemorado antes.
-
A par destes festivais religiosos, existiam
ritos quotidianos que assinalavam a perpetuidade da realeza.
05-12-06
Origens do Estado e a sua organização
A
emergência do Estado: da cidade-estado às formações
políticas mais
complexas
-
Ao longo da história da Mesopotâmia, persiste
a tensão entre duas lógicas: uma lógica urbana e uma lógica
supra-urbana. A primeira favorece os particularismos; a segunda
impele para a formação de complexos políticos, para a agregação
territorial. Estas duas lógicas coexistem e são estruturantes na
história política da Mesopotâmia.
-
Não se deve, por conseguinte, observar a
formação dos reinos mesopotâmicos, como são exemplos Akkad, Ur III,
a Babilónia, entre outros, como o resultado de uma evolução ou de
uma tendência irreversível. Na verdade, observam-se fenómenos de
composição e de decomposição territorial e política.
-
É certo, todavia, que o Estado, enquanto
conceito e enquanto organização, acompanhou a evolução do processo
político. Por conseguinte, a formação de Akkad e a unificação da
Mesopotâmia traduziram-se necessariamente num Estado mais complexo.
-
Akkad e Ur
III fornecem exemplos de
organização político-administrativa que são estruturantes
na Mesopotâmia.
-
Durante Ur
III, os altos cargos da burocracia tornaram-se certamente
hereditários. A família real ocupou indubitavelmente um papel de
destaque na administração. Ocupou lugares de relevo não apenas na
administração do estado como também no plano religioso e no plano
militar. Muitos dos governadores civis provinciais vinham de
famílias locais mas as autoridades militares eram com frequência
oriundas da família real.
-
As cidades
de Ur e de Uruk não faziam parte da estrutura administrativa
provincial normal. Eram muito provavelmente administradas
directamente por membros da família real.
-
Para além
da família real haveria algumas famílias de grande prestígio que
terão tido papel de destaque na administração. Em Ur III, é o caso
da família de Arad-Nanna. Durante gerações desempenharam o lugar de
sukkal-mah que era responsável pela administração dos territórios
conquistados a este e a nordeste. Quando o Elam recuperou a
independência, os chefes locais tomaram o título de sukkal-mah.
-
Relativamente aos escalões mais baixos ou intermédios da estrutura
administrativa, a substituição seria muito menor. Não era pelo facto
de uma nova dinastia chegar ao poder que essas camadas da
administração mudavam, ao contrário do que se passava com as elites.
Não seria comportável fazê-lo.
-
Em Ur III, o dub-sar (escriba) era a base de toda a administração
e o termo que generalizava o burocrata de escalões inferiores e
intermédios.
-
Isso não significa que o nível de literacia
fosse elevado e generalizado a toda a administração. É provável que
houvesse funcionários que não soubessem escrever e que dependiam dos
escribas para esse efeito.
-
De qualquer forma a base da administração,
essa passava toda pela eduba (escola).
-
É curioso verificar que os textos literários
eram a base da preparação e da aprendizagem do escriba. O curriculum
pouco tinha a ver com operações de cariz administrativo. Talvez isso
se ficasse a dever ao facto de estes textos apresentarem um índice
de dificuldade bastante elevado e por conseguinte corresponderem a
um nível de exigência que traduzia a elevada preparação do escriba
quer em termos de domínio do sistema da escrita quer em termos de
domínio lexical.
-
A par desta preparação técnica, a escola
fornecia modelos ideológicos de sociabilização.
-
Para os sargónidas, a base do poder assentava
sobretudo na autoridade militar, legitimada pelos deuses. Os reis
gostavam de se fazer representar nas inscrições e na iconografia
como comandantes do exército.
-
A
autoridade militar a seguir ao rei era o šagina,
provavelmente um soldado profissional, sob cujo comando estava o
exército permanente e o abastecimento deste a partir das cidades e
terras sob a autoridade real.
-
Quando o exército e todos os que o
acompanhavam passavam por uma cidade era o
ensi o responsável pelo seu abastecimento. Este era uma
espécie de
governador civil.
-
O nu-bànda era uma espécie de capitão,
também um soldado profissional que servia o ensi.
-
O exército era acompanhado por escribas
militares e por contabilistas.
-
No que diz respeito ao domínio real, o
šabra-é era o administrador da sua propriedade. Incluía
funcionários reais ao seu serviço. Entre estes contavam-se o
sag-sug, que registava as terras, o dubsar lugal, o
escriba real, o maškim lugal, inspector real. Alguns destes
altos funcionários, como o ensi e o šabra-é, recebiam
terras do rei. Eram as terras que o rei adquiria na conquista e na
expropriação.
-
A concessão ou o arrendamento de terras por
parte da Coroa representava uma fonte de receitas para o Estado
através da tributação.
-
Em Akkad e em Ur III, assiste-se a uma grande
centralização, uniformização da administração.
07-12-06
Não existe, na Mesopotâmia, uma
teoria política sobre o Estado ou sobre a instituição real e a sua
dimensão ideológica. Essa percepção chega até nós através da poesia,
das inscrições, dos anais e de outro tipo de textos, designadamente de
carácter profético e literário. Esses textos, não tendo como objectivo
imediato essa teorização, reflectem essas concepções políticas e
ideológicas.
Alguns dos mitos mesopotâmicos
mostram a convicção de que a instituição real constitui uma criação
divina. Anu e Enlil são designados «reis dos deuses». Existe a ideia
de que a realeza desceu, depois, do céu (ver o texto da
Lista Real
Suméria).
O poema babilónico da criação, o
Enuma elish, alude à realeza divina. Anu presidia à assembleia divina.
O Enuma elish reflecte o pensamento político mesopotâmico, na medida
em que explica a origem do poder real, a sua natureza, a permanência
da instituição e a sua legitimidade, mas também a sua dinâmica e a sua
fluidez. A instituição permanece mas a legitimidade de quem a
interpreta depende do divino. Esse postulado é também explicado e
testemunhado pelo Enuma elish. No conflito geracional que opõe os
deuses, Marduk, a divindade tutelar da Babilónia, aceita o papel de
campeão dos deuses mais jovens no combate contra Tiamat em troca da
realeza divina. A realeza de Marduk resulta de um consenso na
assembleia divina; deriva também de uma situação de instabilidade. O
relato talvez constitua a consciência histórica da origem da realeza
humana e a tensão entre uma lógica de permanência e uma lógica de
impermanência do poder.
Também a Epopeia de Gilgamesh
mostra que existe uma concepção de ética política ligada ao poder
real. Gilgamesh era um rei de Uruk, prepotente e arrogante. Os deuses
criaram Enkidu, como um duplo, destinado a controlar Gilgamesh. Este,
em diálogo e interacção constante com o divino, ao longo da viagem e
da narrativa, muda a sua atitude e transforma-se num rei justo, de
acordo com aquilo que os deuses esperavam dele.
A realeza humana e terrena tem, por
conseguinte, a sua origem na realeza divina. A divindade tutelar
continuará a ser o verdadeiro rei e também o modelo a imitar pelo rei
terreno. A existência de um modelo divino impõe limites à realeza
humana.
Um dos postulados fundamentais em
que assenta a legitimidade da realeza humana é o princípio da eleição
/ escolha. O rei deve o seu poder ao facto de ter sido nomeado por
deus, mandatado para o exercício de uma missão que a divindade delega
nele. O rei é escolhido pela divindade para levar a cabo uma missão
ordenadora e salvífica. A escolha parece envolver duas etapas: a
predestinação e o mandato / chamamento. As referências à predestinação
reflectem a ideia de que foi escolhido para essa missão mas que ainda
não foi chamado.
O princípio da escolha parece, aos
nossos olhos, contraditório com o princípio da justificação
linhagística. Na verdade, se o direito à sucessão está justificado
pela filiação então isso dispensaria a legitimação divina. Na
realidade, um princípio não excluía o outro. Em caso de perturbação
política, de instabilidade ou de ruptura dinástica, o princípio da
escolha divina tornava-se mais activo. Ainda assim, ele nunca deixava
de estar presente em todo o processo de sucessão.
A realeza começa por estar
associada fundamentalmente a uma cidade, isto no plano ideológico. Na
lista real
suméria, transmite-se a ideia de que o poder real, tendo
uma origem divina, é transferido de cidade em cidade por decreto
divino e por decisão da assembleia dos deuses. Os conflitos entre as
cidades são, por vezes, interpretados como conflitos entre as
divindades urbanas. Os reis terrenos são instrumentos dos decretos
divinos. É, porventura, a consciência histórica da sucessão de
hegemonias das cidades-estado mesopotâmicas.
Análise do texto
AEM 196
(Tradução de Francisco Caramelo: A Linguagem Profética na Mesopotâmia
(Mari e Assíria), Cascais, Patrimonia, 2002). O texto ilustra,
provavelmente através de um sonho ou de uma visão, o processo através
do qual Dagan, em assembleia divina, determina o fim de Ešnunna,
reflectindo a consciência histórica acerca dos eventos políticos e
militares que estavam a ser vividos.
Análise do texto
A. 1121 + A.2731
(Tradução de Francisco Caramelo: A Linguagem Profética na Mesopotâmia
(Mari e Assíria), Cascais, Patrimonia, 2002). Torna-se claro que Addu
reclama a sua importância na atribuição da realeza e do trono a
Zimri-Lim.
A bibliografia e as notas
de rodapé do trabalho a apresentar devem obedecer a normas
adequadas. Para isso, sugiro que siga as seguintes
normas,
sobretudo a partir da página 12. |
12-12-06
Uma das linhas de
legitimação ideológica em que assenta a realeza é a que transforma o
rei no filho de deus, não no filho gerado pela divindade mas no
escolhido, no eleito, no seu favorito. Pode consultar os oráculos
proféticos neo-assírios (cf. Caramelo, Francisco, A Linguagem
Profética na Mesopotâmia (Mari e Assíria), Cascais, Patrimonia,
2002) em que o apoio divino, sobretudo de Ištar, se manifesta através
da filiação divina, mas também através de referências ao casamento
sagrado. As fontes escritas, mas também a iconografia, designadamente
os selos-cilindros, reflectem estas linhas da retórica verbal e
visual. A deusa Ištar é representada como mãe, como figura com
atributos guerreiros e até masculinos, por vezes, e com atributos que
exaltam a sua feminilidade.
14-12-06
A sucessão
não foi um processo pacífico ou rotineiro na Mesopotâmia. A escolha do
sucessor era, com frequência, envolta em polémica. Nem sempre era o
primogénito o escolhido para suceder. Exemplo disso é a sucessão de
Senaquerib; Assaradão era um dos príncipes mais novos. De certa forma,
esta incerteza dava razão ao princípio de que eram os deuses que
escolhiam o rei para governar o mundo em seu nome.
Havia a
consciência de que o processo de sucessão era por natureza conturbado.
Os tratados de sucessão consistiam em ajuramentar as elites do país,
levando-as a aceitar o príncipe herdeiro e a jurar-lhe fidelidade.
O
exercício da realeza tinha as suas limitações políticas e ideológicas,
mau grado o apoio divino. Eram os próprios deuses que limitavam o
poder real. Os desaires são sempre interpretados como resultado de
transgressão ou desvio das prescrições divinas.
04-01-07
Sociedade no Egipto
Duas visões diferentes: a visão grega e a
Sátira dos Ofícios. Ambas se mostram afastadas do que seria a
realidade social no Egipto antigo. Também o Êxodo, livro bíblico,
transmite uma imagem sobre o trabalho escravo que não corresponde à
realidade. Em todos estes casos, estamos perante visões distorcidas e
idealizadas sobre a sociedade no Egipto. Nenhum dos textos produz uma
visão objectiva.
Artesãos
A Sátira dos Ofícios dá a artesãos e a
camponeses o mesmo destino miserável. Devemos, todavia, ter a
consciência de que este texto é produzido com a finalidade de louvar o
escriba. É um texto encomiástico que ao mesmo tempo que faz o elogio
da profissão do escriba procura denegrir todas as outras ocupações e
categorias sociais.
Entre os artesãos, devemos distinguir os que
pertenciam às camadas mais baixas da sociedade e aqueles a quem as
elites faziam as suas encomendas.
Camponeses
Constituíam a enorme massa da população do
Egipto. Estavam, grande parte deles, dependentes dos campos do Faraó e
dos templos. Contrastam duas visões idealizadas: as representações
bucólicas reproduzidas nas paredes das tumbas que encenam um quadro
ideal da vida no além. Corresponde à visão das elites, consistindo
pois numa visão irrealista. Pelo contrário, a Sátira dos Ofícios
traça um quadro de miséria quando alude aos camponeses e à vida que
levam
Havia certamente diversas categorias de
camponeses, desde os jornaleiros, aos rendeiros, passando pelos
colonos hereditários, que trabalhavam nos domínios do Estado.
Soldados
Sobretudo na Época Baixa, o Egipto terá contado
com um grande número de mercenários. O rei cedia a cada um e à sua
família uma parcela de terra para o seu sustento que explorava
directamente ou encarregava jornaleiros de o fazer. O usufruto dessa
terra, não a sua posse, dependia da continuidade do serviço militar a
prestar ao rei. Isto favoreceu a fixação e a assimilação rápida dos
estrangeiros, mercenários, estabelecidos no Egipto.
A Sátira dos Ofícios exacerbou a dureza da
vida do soldado, realçando os aspectos negativos associados à
profissão.
Sacerdotes
Tinham uma formação e uma preparação intelectual
de nível superior. Começavam essa formação nas escolas ligadas ao
palácio ou ao templo. A aprendizagem da escrita era a base dessa
formação. Só depois se verificava a especialização: ocupação
sacerdotal ou administrativa.
Escribas
É a profissão ideal na visão da Sátira dos
Ofícios. O escriba levava a cabo a sua aprendizagem nas chamadas
casas da vida, ligadas aos templos ou aos palácios. Aprendia a
ler, a transcrever os hieróglifos, copiava textos antigos, exercitando
em diversos materiais de suporte. Aprendia várias matérias como a
geografia, a matemática, a anatomia e outras. Desempenhava diversas
funções como a cobrança de impostos, contabilidade, registos
burocráticos, etc.
Escravos
É no Império Novo que o seu número aumenta mais
significativamente como resultado da expansão militar. Uma grande
parte ficava no domínio do rei e ao seu serviço: servos no palácio,
camponeses na terras do rei ou trabalhando nas minas e nas pedreiras.
Outros eram recrutados como soldados. Outros, ainda, eram usados como
intérpretes e faziam carreira administrativa.
A
partir da Época Saíta, surge uma escravatura por insolvência.
09-01-07
A sociedade na Mesopotâmia
Estratificação social. A estratificação social no Código de
Hammurabi. Também os documentos de carácter económico e jurídico
permitem caracterizar a sociedade mesopotâmica. O critério económico
na diferenciação social dos homens livres. O awīlum e o muškēnum.
O estatuto
do escravo. As diferentes origens: prisioneiros de guerra,
insolvência, adopção, condenação, origem familiar.
As
diferentes condições dos escravos: os particulares e os que eram
propriedade do templo ou do palácio.
A condição
de vida do escravo. A especificidade do estatuto de escravo na
Mesopotâmia. A protecção social e os direitos.
Monogamia e poligamia.
Concubinato.
O estatuto da mulher
legítima.
O casamento. O terhatum,
sheriktum ou nudunnum: significado social. O biblum. Passagens no
Código de Hammurabi: arts. 27, 128, 144, 146, 147, 175, 176, 170, 171.
A dissolução do casamento: 138, 139, 141, 142, 143, 28, 131, 132.
Apresentação e
discussão de dois trabalhos sobre a família e sobre a herança na
Mesopotâmia.
O tema foi
desenvolvido pelos trabalhos apresentados pelos alunos.
11-01-07
O mundo
urbano e sedentário vs. o mundo nómada. O nomadismo no Médio Oriente
antigo. Revisão do nomadismo. Mundo nómada e mundo sedentário não
viviam necessariamente uma lógica de hostilidade. Pelo contrário, a
documentação, designadamente os Arquivos Reais de Mari, registou a
colaboração e a complementaridade entre ambos. Torna-se, pois,
necessário rever o conceito de nomadismo que nos chega do séc. XIX.
A
configuração geográfica da Mesopotâmia não oferece barreiras
intransponíveis que separem os nómadas dos sedentários. O clima e a
precipitação determinam, no entanto, diferentes tipos de ocupação e um
modus vivendi distinto. As regiões dos vales fluviais, onde a
precipitação é também maior, correspondem às terras aráveis; a
agricultura é a principal actividade humana, registam-se aglomerações
populacionais e concentrações urbanas. As zonas das estepes, entre as
regiões desérticas e as regiões férteis, são as áreas em que circulam
as populações nómadas, essencialmente dedicadas à pastorícia.
Apesar de
se verificarem também conflitos entre a população urbana e sedentária
e a população nómada, o mais natural é a colaboração entre as duas
realidades, que correspondem a duas morfologias sociais,
complementares também no plano económico. Mais do que uma dicotomia
entre sedentários e nómadas, assiste-se a uma diferenciação entre
mundo rural e mundo urbano.
Um outro
conceito a introduzir é o do nomadismo sazonal. Registava-se a
circulação de certas populações entre as cidades e as regiões
estépicas. Este fenómeno implica relações económicas e sociais
frequentes entre os dois mundos. É o caso das relações comerciais,
assim como do recrutamento de nómadas para o exército
sedentário.
Esta
observação da realidade social e económica do mundo mesopotâmico levou
a que se começasse a falar de um outro conceito importante: o
dimorfismo social. Trata-se de um conceito que tem, no essencial, como
pano de fundo o quadro social do reino de Mari no período babilónico
antigo. Mari é um reino que se enquadra na matriz cultural e política
acádica, mas, por outro lado, tem uma forte componente nómada que
coexiste com aquela. O rei de Mari, um estado dimorfo, assume essa
matriz política e ideológica acádica mas não renega as suas origens
bensimalitas.
16-01-07
Esferas da actividade
económica e social na Mesopotâmia
O Templo: A cidade não é apenas o
resultado de pressões demográficas. É também o cenário de relações
comerciais internas e externas. Mari é o exemplo de uma cidade de uma
cidade cuja importância se fica a dever à sua localização estratégica,
no centro de uma das rotas comerciais mais importantes.
O Templo desempenhou um papel importante
no comércio. O Templo dinamizou as actividades económicas: têxteis,
olaria, metalurgia são exemplos. Tinha os seus próprios armazéns e
oficinas. O Templo era também proprietário de terra e de animais; a
agricultura era uma das principais actividades económicas. Explorava
as terras directamente e, noutros casos, arrendava-as.
Como unidade económico-social decisiva,
o Templo produzia excedentes que alimentaram o comércio e que lhe
conferiram um papel importante nesse domínio.
A especialização e a divisão social do
trabalho ocorreram no contexto urbano e inicialmente impulsionadas
pelo Templo. Mais tarde, sobretudo a partir do Dinástico Antigo,
assistir-se-á a um fenómeno de secularização que conferirá lugar de
destaque também ao Palácio e à oikos.
O Templo deteve um papel importante no
comércio a longa distância. O tamkarum operava as iniciativas
comerciais em nome do Templo. Estas consistiam na aquisição de
matérias-primas como metais e pedra. Em troca, fornecia mercadorias
manufacturadas nas suas oficinas.
O Palácio: Jean-Claude Margueron («Apparition
du Palais au Proche-Orient», in E. Lévy (ed.), Le Système Palatial en
Orient, en Grèce et à Rome, Strasbourg, E.J. Brill, 1987, p.10)
defende que o Palácio é «um sistema caracterizado por uma estreita
imbricação do poder económico e do poder político, que faz intervir
uma burocracia frequentemente poderosa e de tendência centralista.»
A exploração agrícola, a extensa
propriedade fundiária, a gestão do sistema de irrigação conduziram à
centralização do poder, desempenhando o Palácio, a partir do período
dinástico, um papel central.
De acordo com Margueron (pp.11-15), a
evolução do EN para o sistema monárquico, tendo como expressão
arquitectónica a emergência do Palácio como estrutura nova, é apenas
uma hipótese, apesar de constituir comummente a explicação
tradicional.
A relação entre o poder do EN e o
Templo, como sede do poder político e religioso no período
pré-dinástico, tende hoje a ser discutida. É o próprio valor semântico
de EN e de LUGAL que é discutido. Põe-se a hipótese de o LUGAL não ser
o resultado de uma evolução política e funcional mas antes um título,
originalmente de raiz urbana como o EN, eventualmente coexistindo com
outros títulos. A questão seria então basicamente de ordem semântica.
A arqueologia não tem, de forma
inequívoca, confirmado a tese tradicional. O Palácio não é
necessariamente a expressão arquitectónica da emergência de um poder
real e não se deve estabelecer uma relação exclusiva entre uma
arquitectura monumental (Margueron) e uma arquitectura real. A verdade
é que o Templo teve, no período pré-dinástico, outras funcionalidades
que não apenas as de carácter religioso ou ritual e o Palácio, mesmo
no período dinástico, designadamente no III milénio a.C., teve, para
além da sua função política e administrativa, um complexo e amplo
recinto religioso.
Assim, ao longo de todo este período, a
chamada arquitectura de prestígio (expressão de Olivier Aurenche) ou
arquitectura de poder (expressão de Margueron) reflecte a evolução
social, económica e política na Mesopotâmia. Nesta evolução, e de
início, o carácter temporal e o carácter religioso e ritual surgem
indistintamente nesta arquitectura de poder (sobretudo durante os
períodos pré-dinástico e dinástico antigo). Exemplo deste fenómeno é o
Palácio de Mari (III milénio a.C.) com o seu recinto sagrado.
O Palácio de Mari, no período babilónico
antigo, é um exemplo eloquente da organização da arquitectura de poder
nos inícios do II milénio a.C., ilustrando as várias funcionalidades
inerentes a uma estrutura deste tipo. Um das zonas mais importantes do
Palácio era a «Porta do Palácio». Correspondia a uma secção do Palácio
que incluía o chamado bît têrtim e que Durand traduziu por «Casa da
Directiva». Era aí que eram despachados os assuntos administrativos e
filtrado o acesso ao Palácio.
Nos textos, reflecte-se, com alguma
frequência, a distinção entre duas zonas do Palácio: bâbânu, a área
ligada à Porta, e bîtânu, a área associada aos aposentos. A primeira
zona desempenha sobretudo uma função administrativa e política
enquanto que a segunda desempenha uma função claramente privada. Ambas
se articulavam com a Corte. Outra zona importante do Palácio era a dos
armazéns.
O Palácio desempenha um papel económico
muito activo. É produtor, é consumidor, leva a cabo trocas comerciais
e regula as actividades económicas. Apesar de ter uma palavra
importante no domínio das actividades de transformação (com armazéns e
oficinas), a sua intervenção mais activa regista-se na agricultura e
na pecuária. Trata-se de uma economia essencialmente agrária.
As fontes de Mari referem essencialmente
dois tipos de terras: a reserva era constituída por campos cultivados,
em troca de uma espécie de renda anual em géneros e prata. Era o
Palácio que fornecia os meios para a exploração dessas terras, assim
como a água para a irrigação dos terrenos. O segundo tipo de terras
era constituído por parcelas cedidas pelo Palácio em troca da
prestação de um serviço, militar ou outro. Era o chamado ilkum.
Oikos: verificam-se grandes
concentrações populacionais nas cidades, sobretudo a partir dos
inícios do III milénio a.C. O crescente desenvolvimento urbano teve um
impacto óbvio na economia e na sua organização. Corresponde a É em
sumério e a bîtum em acádico. Temos as famílias nucleares ou as
famílias extensas e alargadas comungando o mesmo espaço vivencial e
funcionando como uma unidade económica e social.
Progressivamente, caminha-se para uma
economia concorrencial. A economia baseada no Templo compete com a
economia baseada nestas unidades de produção. A oikos era estruturada
com base não apenas em relações de parentesco mas sim em vínculos
sócio-económicos não necessariamente permanentes, dando origem a
pequenas comunidades produtivas, sobretudo sazonalmente, como na
altura das colheitas.
Deve-se distinguir família de oikos.
Esta última constitui uma comunidade que partilha um mesmo espaço
doméstico com a finalidade de produzir excedentes. Quanto à família,
no período babilónico antigo, esta era patrilinear e patrilocal.
Alguns autores defendem que é sobretudo nos inícios do III milénio
a.C. que a família alargada tem peso, enquanto que no período
babilónico antigo prevaleceria sobretudo a família nuclear. No
entanto, o estudo de contratos de venda de terras, no período
babilónico antigo, parece demonstrar que durante a transacção estariam
presentes os familiares do vendedor, não apenas como testemunhas do
acto mas também como beneficiários da venda.
Verifica-se uma tendência para a
inalienabilidade da terra. Sobretudo nas comunidades rurais,
regista-se uma forte tendência para não dividir a terra e para a
cultivar em conjunto. Para evitar a dispersão da propriedade, a qual
resultaria da herança equitativa, registaram-se duas soluções: a
primeira consistia em privilegiar o primogénito; a segunda consistia
em não dividir a herança, tornando a exploração da terra comum e
mantendo, assim, a família alargada, estruturada em torno da terra.
Nas cidades, há sobretudo a tendência para a dispersão da propriedade.
.
Actividades económicas
Agricultura: De início, a prática da
agricultura e o seu desenvolvimento tiveram sobretudo lugar no sul da
Mesopotâmia. É aí que se desenvolve um complexo sistema de irrigação,
constituído por diques e canais, que potencia a agricultura como
actividade sedentária.
A agricultura mesopotâmica enfrentou
outros problemas para além da escassez da água. Um foi a salinização
dos terrenos de cultivo, uma vez que as águas fluviais apresentavam
taxas de salinidade relativamente elevadas, problema agravado pela
escassez da pluviosidade. O outro foi a frequência das tempestades de
areia.
Daqui resultava que as áreas cultiváveis
eram limitadas.
Caracterização das principais produções
agrícolas.
Análise e comentário do
texto conhecido como «Almanaque do agricultor», um texto sumério de
cariz sapiencial que apresenta uma série de instruções sobre os
trabalhos agrícolas, que o pai deixa ao filho.
Análise e comentário de
passagens do Código de Hammurabi relativas às actividades agrícolas:
arts. 53 a 65.
Indústrias e actividades de
transformação: o desenvolvimento agrícola contribuiu para o
desenvolvimento das indústrias, designadamente na produção das
alfaias.
As actividades de
transformação enfrentaram o problema da escassez de certas
matérias-primas: a madeira de qualidade, a pedra e os metais. Foram o
incremento de uma agricultura excedentária e a própria guerra os meios
que permitiram a aquisição dessas matérias-primas.
As principais actividades de
transformação estavam relacionadas com as necessidades do quotidiano
do homem mesopotâmico e dependiam de matérias-primas abundantes na
Mesopotâmia. Uma delas é a produção de adobe, essencial para a
construção e dependente da argila, que abundava. Outra era a olaria,
marca civilizacional, e que também dependia da argila.
Nas cidades, duas indústrias
tinham um peso importante. Uma usava e transformava os cereais: a
produção de pão e a produção de cerveja eram indústrias de grande
tradição e fundamentais para o mesopotâmio. A par destas, os têxteis
ocupavam também um lugar decisivo. Eram actividades que dependiam de
matérias-primas locais.
A metalurgia era uma das
indústrias mais importantes e sofisticadas na Mesopotâmia. Dependia da
importação das matérias-primas. O cobre era oriundo da Ásia Menor, da
Arménia e do Elam e a sua importação verifica-se a partir do IV
milénio a.C. O ferro, nos finais do II milénio a.C., era importado da
Ásia Menor, da Arménia, da região do Cáucaso e do planalto iraniano.
Algumas destas indústrias
seriam executadas de forma generalizada, pela oikos, pelas oficinas do
palácio e pelas do templo; outras requeriam tais níveis de
especialização técnica que, possivelmente, estariam reservadas ao
palácio e, quando muito, ao templo, até porque, provavelmente, só
estes teriam capacidade para importar as matérias-primas.
Comércio: registos da época
de Urukagina mostram que já havia trocas comerciais regulares com o
Elam, consistindo, sobretudo, na importação de madeiras e de pedra,
matérias-primas que rareavam na Mesopotâmia. Paralelamente, inscrições
de Gudea informam que a importação de madeira de cedro era realizada a
partir do Líbano.
Entretanto, da Ásia Menor
eram importados metais, um comércio regular bastante antigo. Em troca,
a Mesopotâmia exportava cereais, lã e outros produtos agrícolas,
tirando partido da sua agricultura excedentária. Encontraram-se selos
cilíndricos em regiões tão distantes da Mesopotâmia como Chipre,
Creta, Peloponeso e até o vale do Indo, o que demonstra os horizontes
deste comércio. A Mesopotâmia encontrava-se no centro de um importante
comércio a longa distância, que remontava a épocas recuadas no tempo.
O desenvolvimento da
agricultura, que se tornou excedentária, trouxe riqueza à Mesopotâmia,
mas esta tinha falta de outros recursos que não existiam no território
e que permitiriam alimentar o gosto e as necessidades, por vezes
supérfluas das elites, bem como do Palácio e do Templo. Essas
matérias-primas só poderiam ser adquiridas através da guerra ou do
comércio. A existência de trocas comerciais a longa distância, desde
tempos remotos, reflecte um mundo constituído por regiões que, apesar
de longínquas, comunicavam entre si.
Apesar de as vias terrestres
serem utilizadas, com o recurso a caravanas (primeiro o burro e a mula
e mais tarde o camelo), eram sobretudo os rios as grandes vias de
comunicação. O Eufrates transportava o vinho e transportava os metais
por exemplo. Um baixo-relevo do Palácio de Sargão II ilustra o modo
como eram transportados os troncos de madeira, puxados por barcos
fluviais.
Apesar de não existir uma
economia baseada na moeda, a prata funcionava como o valor de
referência que permitia a realização das trocas e das actividades
comerciais. As medidas essenciais eram o talento (biltu), a mina e o
siclo. O talento correspondia a 60 minas e a mina a 60 siclos.
Burocracia
e economia tributária.
A importância da burocracia
e da dimensão jurídica na regulação das actividades económicas. As
diversas tipologias de contratos.
A falsificação e as dúvidas
sobre a autenticidade dos documentos são as grandes preocupações
destes contratos e a sua razão de ser. O «envelope» destinava-se a
salvaguardar a integridade do documento. O «envelope» incluía uma
cópia ou um resumo do documento e apresentava também marcas da
personalidade dos contratantes, como os selos. Alguns «envelopes» eram
anepígrafos. É possível que o recurso ao «envelope» fosse substituído
pela produção de cópias do documento.
Outras marcas da
personalidade jurídica podiam acompanhar a autentificação do
documento: o sissiktum e impressões de unhas.
O contrato continha, para
além do texto, certos elementos contextuais e formais: a data, a
indicação das testemunhas e as cláusulas de irrevogabilidade. Estas
cláusulas destinavam-se a garantir o carácter definitivo do documento,
muitas vezes sustentadas por maldições. Os juramentos pelo rei e/ou
pelos deuses promoviam a definitividade do contrato. A estas cláusulas
associam-se cláusulas penais.
- O teste, a realizar no próximo dia 1
de Fevereiro, será sem consulta e tem um peso de 40% na
avaliação final.
- Nenhum elemento de consulta será
permitido.
- O aluno poderá escrever até um
máximo de oito páginas.
- Recomenda-se novamente a seguinte
bibliografia essencial:
SANMARTÍN,
Joaquín e SERRANO, José Miguel, Historia Antigua del
Próximo Oriente. Mesopotamia y Egipto, Madrid, Akal, 2006.
- Recomenda-se vivamente a leitura de
DONADONI, Sergio (dir.), O Homem Egípcio,
Lisboa, Editorial Presença, 1994.
- O teste será
constituído por duas questões, valendo cada uma 10 valores.
- O enunciado será constituído apenas
por duas questões, derivando estas da seguinte lista de
eventuais temas:
1. a instituição real na Mesopotâmia
2. a sociedade no Egipto
3. o nomadismo na Mesopotâmia
4. a instituição faraónica
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18-01-07
Economia no Egipto
Recursos naturais – as terras irrigadas pelo Nilo
eram excelentes para a agricultura. O território, sobretudo nas zonas
dos desertos e das montanhas, era rico em variedades de pedra e de
minerais. As pedreiras, ainda que por vezes distantes, eram
acessíveis, recorrendo-se ao rio para o transporte. As zonas de
produção e de exploração mais importantes eram o Sinai, o Deserto
Oriental, Assuão. O Sinai também tinha o cobre e o Deserto Oriental
oferecerá mais tarde o ferro.
Agricultura
Os cereais, trigo e cevada, constituíram uma das
principais produções agrícolas. Havia, no entanto, outras produções
importantes como os produtos hortícolas, os legumes, as árvores de
fruto, a vinha.
Criava-se gado de porte, como o bovino, mas
também animais de menor porte como a cabra, a ovelha. Também o ganso e
o pato.
Indústria
O papiro era uma matéria-prima com múltiplas
utilizações, nomeadamente na construção de pequenos barcos fluviais.
Também era usado no fabrico de esteiras, cordas, sandálias e,
obviamente, como material de suporte da escrita. Durante o período
romano e até antes o papiro chega a ser exportado.
A confecção de vestuário era outra indústria
importante. Era uma actividade mais reservada à mulher. A cultura do
linho deve ter desempenhado um papel importante.
Os couros eram usados para produzir objectos de
uso comum como toda a espécie de correias, cintos e sandálias.
A marcenaria padecia do facto de o Egipto não ser
fértil em madeiras de boa qualidade. Existia o sicómoro, a palmeira, a
acácia, mas estas forneciam madeiras fibrosas. A boa madeira tinha que
ser importada.
A matéria-prima para a produção de cerâmica era
abundante. A cerâmica era uma actividade antiga. A cerâmica
envernizada, a chamada faiança egípcia, era conhecida desde há muito.
Também a produção de vidro era antiga embora não se saiba ao certo a
sua origem. No Império Médio, atingiu um desenvolvimento considerável.
Metais. O cobre era extraído no Sinai. O bronze
impõe-me definitivamente a partir do Império Médio. O ferro começa a
impor-se a partir do Império Novo, embora tenha levado algum tempo a
substituir o bronze. A prata era mais rara do que o ouro e chega a ser
mais valorizada do que aquele. O ouro era extraído de aluvião mas
também explorado nas zonas montanhosas e desérticas.
Pedreiras. No Egipto e regiões adjacentes, eram
explorados o calcário branco, o alabastro, o grés (Djebel Silsileh).
No Assuão, explorava-se o granito vermelho. O granito negro era
explorado no interior do deserto, no Uadi Hammamat, tornando difícil o
transporte de grandes peças.
O Nilo era um elemento estruturante do território
e da economia do Egipto. A navegação ao longo do rio era fundamental,
com recurso a embarcações construídas em madeira como a acácia e até
mesmo em papiro. Havia embarcações de dimensões diferentes, desde as
que eram destinadas ao transporte de duas pessoas, sem vela, até
àquelas, maiores, que eram usadas para transporte de cargas maiores.
Comércio. O comércio externo era essencialmente
monopólio do Estado. Uma das áreas privilegiadas com a qual o Egipto
mantinha contactos comerciais desde tempos remotos era a Núbia. A
Núbia vai sendo progressivamente egipcianizada. O Egipto mantinha
também relações comerciais com a região siro-palestinense, assim como
com as ilhas mediterrânicas e em particular com o Chipre. As fontes
falam também no País do Punt e da expedição que Hatshepsut teria
organizado à região.
23-01-07
A Religião na Mesopotâmia
Entre os vários aspectos da religião mesopotâmica tratados em aula,
destacamos esta apresentação sobre a concepção de destino porque este
permite compreender as várias manifestações religiosas: a profecia, a
adivinhação, a magia, o culto.
Veja a apresentação sobre o
destino.
Atentemos agora numa das mais importantes expressões religiosas na
Mesopotâmica - a magia. Veja a apresentação sobre a
magia.
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