Texto nº14

Hino de Assurbanípal dedicado a Nabû

Proclamo incessantemente a tua glória, Nabû, na assembleia dos grandes deuses! Que aqueles que me querem mal não afectem continuamente a minha vida!

No templo da Rainha de Nínive, oro constantemente a ti, herói dos deuses, seus irmãos. Tu és o amparo de Assurbanípal no futuro e para sempre!

Desde a minha infância que me deitei aos pés de Nabû. Não me abandones, Nabû, na assembleia dos que me querem mal!

Atenta, Assurbanípal! Eu sou Nabû! Até ao fim dos dias, os teus pés não vacilarão e as tuas mãos não tremerão. Estes teus lábios não se cansarão de me pedir continuamente em oração. A tua língua não se oporá insistentemente aos teus lábios porque eu dar-te-ei  uma e outra vez um discurso excelente. Erguerei a tua cabeça e elevarei o teu corpo no templo do É.MAI.MAI.

Nabû torna a falar: Essa tua magnífica boca, que incessantemente ora a Urkittu. O teu corpo, que eu criei, ora a mim, sem parar, no É.MAI.MAI. O teu destino, que eu criei, ora incessantemente a mim, dizendo: «traz a ordem ao É.GAIAN.KALAM.MA!» A tua vida não deixa de orar a mim, dizendo: «Prolonga a vida de Assurbanípal!»

Assurbanípal está ajoelhado, orando repetidamente a Nabû, o seu senhor. Atenta, Nabû, não me abandones, a mim! A minha vida está escrita diante de ti. A minha vida é confiada ao colo de Mullissu. Atenta, poderoso Nabû, não me abandones, a mim, no meio dos que me querem mal.

Um sonho veio como resposta de Nabû, o seu senhor: Não temas, Assurbanípal! Dar-te-ei uma vida longa. Trarei brisas agradáveis à tua vida. Esta minha boca esplêndida abençoar-te-á incessantemente na assembleia dos grandes deuses.

Assurbanípal abriu as suas mãos, orando sem cessar a Nabû, o seu senhor. Que aquele  que abraçou os pés da Rainha de Nínive não caia em vergonha na assembleia dos que lhe querem mal.

Não me abandones, Nabû, na assembleia dos que me querem mal! Não abandones a minha vida na assembleia dos meus inimigos!

Eras uma criança, Assurbanípal, quando te deixei com a Rainha de Nínive. Eras um menino, Assurbanípal, quando te sentaste no colo da Rainha de Nínive. As suas quatro tetas estão postas na tua boca. Mamas duas e as outras duas, tu ordenha-las para a tua cara.

Os que te querem mal, Assurbanípal, voarão como insectos aquáticos sobre a superfície das águas. Tal como insectos na Primavera, serão esmagados diante dos teus pés. Permanecerás, Assurbanípal, diante dos grandes deuses e louvarás Nabû.

 

(tradução de Francisco Caramelo; no prelo)