Texto nº17 |
O sonho de Enkidu
Ele prendeu os meus braços como se fossem as asas de um pássaro,
conduzindo-me cativo à casa da escuridão, a morada de Irkalla.
À casa onde quem entra já não sai,
ao caminho que não permite regresso,
à casa cujos moradores estão privados de luz,
onde a terra é o seu sustento e o barro o seu alimento,
onde estão vestidos como pássaros, em casacos de penas,
não vêem luz e moram na escuridão.
O pó acumula-se sobre a porta e sobre o ferrolho.
Na casa do pó, ocorre um silêncio de morte.
Na casa do pó, onde entrei, olhei à minha volta e vi as coroas aglomeradas,
as cabeças coroadas que reinaram sobre o país desde tempos imemoriais,
que serviram a carne assada às mesas de Anu e de Enlil,
que ofereceram pão e que derramaram água fresca.
(trad. livre de Gilgamesh VII)