Apanhar o comboio da comunicação

"Criar uma ponte para a sociedade do conhecimento, investir na juventude e combater a info-exclusão são alguns dos objectivos das recentes iniciativas do Ministério da Ciência e Tecnologia", defende João Correia de Freitas, responsável pelo programa Internet na Escola.

Desenvolvido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o Internet na Escola insere-se no conjunto de esforços do poder político para fazer face aos desafios da sociedade da informação.

Com o objectivo de preparar os jovens para o uso das novas tecnologias, este programa conseguiu em 1999 realizar a ligação de todas as escolas do 5º ao 12º ano à Internet, através da instalação de computadores multimédia nas bibliotecas e mediatecas. Esta iniciativa pretende ser alargada também às escolas do primeiro ciclo até 2001.

"Numa sociedade que está a caminhar para uma clara penetração de tudo o que é digital, nas diferentes componentes de desenvolvimento, estar a impedir que as pessoas ganhassem essa preparação nesta fase da escola traria custos muito gravosos", afirma João Correia de Freitas.

Neste âmbito, o MINERVA (Meios Informáticos no Ensino: Racionalização, Valorização, Actualização) foi pioneiro. Realizado entre 1985 e 1994, este programa constituiu um esforço inicial de sensibilização de professores e alunos nos diversos níveis de ensino para as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). O relatório de avaliação do MINERVA chamou a atenção para a necessidade de "entender as tecnologias como meios potenciadores de processos de ensino e aprendizagem".

Mas a implementação de equipamentos nas escolas só é produtiva acompanhada de uma motivação de professores e alunos para o seu uso. Neste campo, João Correia de Freitas mostra-se optimista. "Facilmente se ouve dizer que os professores afirmam que não tiveram formação para as novas tecnologias. Contudo, um professor é alguém que foi preparada para estar sempre a aprender. Professores e alunos têm diferentes capacidades para explorar estes meios e basta que se juntem para fazerem coisas extraordinárias", diz.

Da parte do ministério da Educação está em curso desde 1996 o Nónio_Séc. XXI, programa que pretende melhorar o desenvolvimento e formação em tecnologias de informação e comunicação e incentivar a produção software educativo e de difusão de informação.

Para Carlos Correia, professor de Media Interactivos na Universidade Nova de Lisboa, "todas estas alavancas, principalmente as iniciativas do Ministério da Ciência e Tecnologia, são excelentes." Contudo Carlos Correia aponta ainda alguma falta de preparação para adaptar os sistemas de ensino às mudanças trazidas pelos novos media. "O Governo e o Ministério da Educação não estão preparados para essa mudança. Quem sabe não pode e quem pode não sabe. E a nossa situação é claramente esta: quem pode não sabe", afirma.

"Não nos podemos esquecer da realidade. Só este ano, pela primeira vez na história de Portugal, conseguimos ter no ensino obrigatório toda a gente que lá devia estar", afirma salientando o atraso estrutural de décadas de pouco investimento na área da educação.