Embora muita gente pense que os mais jovens não se preocupam com nada importante, a verdade é que muitos não se alheiam dos problemas que os rodeiam. Em Portugal, há milhares de rapazes e raparigas que dispensam parte do seu tempo a ajudar o próximo. Fazem do voluntariado uma paixão e afirmam receberem a maior das recompensas: o sorriso de agradecimento daqueles a quem auxiliam. Os
Jovens Pró-Vida são uma
associação não governamental cuja actividade principal é a promoção
do voluntariado social. Nasceram há mais de dez anos, da preocupação de
um grupo de jovens, na sua maioria estudantes universitários, com questões
sociais. Da discussão passaram à acção e são hoje responsáveis pelo
encaminhamento de jovens que querem fazer voluntariado. O
processo começa com uma reunião entre
a associação e os candidatos a voluntários. O objectivo é
conhecerem-se mutuamente. Para além disso, há uma série de questões
que se colocam: o que as pessoas estão a fazer, porque gostariam de ser
voluntárias, qual a experiência nesta área. A partir daqui, dá-se a
escolher a instituição em que as pessoas mais gostariam de trabalhar.
Neste momento, os Jovens Pró-Vida trabalham só com três instituições,
que já conhecem muito bem, de modo a que a inserção do voluntário seja
mais acompanhada. Em
continuidade com o voluntariado, a associação faz acções de formação
e promove debates nas escolas para chamar a atenção dos jovens
para a importância do voluntariado. Foi
através dos Jovens Pró-Vida que Carla Pinto se tornou voluntária. Tomou
conhecimento da associação no terceiro ano da faculdade através de
cartazes que se encontravam na escola. No Natal de 1992, teve um curso de
formação na associação e dois meses mais tarde estava a trabalhar como
voluntária numa instituição de apoio a doentes mentais. Apesar
de ser a sua primeira experiência como voluntária, Carla confessa não
ter sentido muitas dificuldades. «A instituição deu-me formação,
os psicólogos informaram-me sobre o que é a doença mental e como me
comportar quando alguém estivesse em delírio». Actualmente,
Carla dá aulas à licenciatura de Política Social no ISCSP (Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas), em Lisboa, e está a concluir
o mestrado em Sociologia. Mas apesar do trabalho, a voluntária consegue
gerir o seu tempo e continua a contribuir para aliviar o sofrimento dos
outros. Uma dia por semana, Carla dirige-se o Centro de S. Martinho de
Lima, no Cais do Sodré, para
prestar auxílio a toxicodependentes e doentes seropositivos. A maior carência
dessas pessoas, refere, é de ordem afectiva. «A maioria necessita
apenas de alguém que seja amigo, que os oiça e cumprimente sem medo». Carla
confessa que o voluntariado é muito mais do que desempenhar uma
determinada tarefa. «O trabalho de voluntariado é importantíssimo. Não
se trata só de ajudar as
pessoas, é um dever de cidadania para com os outros». Contudo, Carla
reconhece que em Portugal ainda existe um défice em relação a estas
questões. «Não há tanto voluntariado como poderia haver, sobretudo
entre as pessoas já reformadas, que podem disponibilizar imenso tempo.
Haveria mais voluntariado se houvessem mais estruturas de apoio e promoção
a este tipo de trabalho». Embora saiba que não tem o condão de mudar o mundo, Carla vai desenvolvendo o seu trabalho e espera que os outros jovens sigam o seu exemplo. Até porque o voluntariado é uma experiência que só enriquece a pessoa. «Do ponto de vista humano enriquecemos imenso. Não há nada mais gratificante do que estabelecer relações com essas pessoas».
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