No
torreão esquerdo, à entrada do Jardim
Zoológico, um letreiro discreto anuncia
"Serviços de Voluntariado". É a este local que se dirigem todos os que,
dispondo de algum tempo livre, querem aliar a vontade de ajudar ao carinho pelos animais. Foi em Julho de 1999 que o voluntariado do Jardim Zoológico se tornou um serviço organizado. A ideia tinha surgido alguns anos antes, na sequência da experiência que vinha sendo feita pelo mundo fora, principalmente nos Zoos norte-americanos. Um cartaz colocado à porta do Jardim ajudou a divulgar o novo serviço e, contrariamente ao que se esperava, a adesão ao projecto começou a sentir-se. Segundo
Silvino Gomes, responsável pelos Serviços de Voluntariado do Zoo, o trabalho voluntário
tem um potencial imenso. «Aparece cá tanta gente, que eu tenho pena de às vezes não
ter trabalho para todos». Os
motivos que movem estas pessoas são vários. Vão desde a ocupação de tempos livres ao
querer fazer bem a outrém e ser útil à comunidade. E claro, o gosto pelos animais. Foi
por esta razão que Ana Esteves se tornou voluntária do Zoológico, em Fevereiro deste
ano. De início, dispensava apenas os fins-de-semana para tratar dos leões marinhos.
Actualmente, Ana está na companhia destes animais também durante a semana. Para
a voluntária, a maior recompensa deste trabalho é o contacto com animais muito
especiais. «O contacto com os leões marinhos não é o mesmo que o de um cão ou um
gato. Quando vim para aqui não fazia a mínima ideia do que era estar com eles». É
por isso que Ana salienta todo o acompanhamento e apoio que tem recebido da equipa de
tratadores. Mas
nem todos os voluntários estão a trabalhar directamente com os animais. «Um
voluntário pode realizar tarefas diversas. O objecto principal são os animais, mas há
uma panóplia de serviços vários, desde a jardinagem às relações públicas,
publicidade, informática e por aí fora», explica Silvino Gomes. Tudo depende da
propensão da pessoa para determinada actividade e da disponibilidade de tempo e serviço. Para
o responsável pelos serviços de voluntariado, este projecto pode ser muito útil para o
Zoo e para os seus trabalhadores. Contudo, faz questão em sublinhar o carácter
complementar do trabalho voluntário. «O voluntário não é alguém que vai
substituir os recursos humanos, mas sim complementá-los. Há determinadas tarefas que um
trabalhador do Zoo não consegue realizar, por falta de tempo, ao passo que o voluntário,
tendo essa disponibilidade, pode fazer o serviço». Embora
o Zoo retire grandes vantagens deste serviço os benefícios são inegáveis também para
o próprio voluntário. «O voluntariado enriquece as pessoas a todos os níveis. Há
um contacto humano e criam-se novas amizades, valores e interesses. E faz bem em termos
psicológicos», refere Silvino Gomes, para quem este tipo de actividade ajuda a
prevenir o stress e a combater depressões. É
neste sentido, que o coordenador do voluntariado do Zoológico apela à promoção e divulgação deste tipo de trabalho .«Há
muita gente que se sente bem fazendo bem a outrém. Não havendo divulgação as pessoas
não sabem. E desde que haja uma causa nobre, elas aderem
com boa vontade». Espírito
de solidariedade e humildade são duas das qualidades que mais são apreciadas nos
voluntários do Zoo. Mas também tem de se ter prazer em trabalhar, independentemente da
tarefa que se vai desempenhar. Como tratadora dos leões marinhos, Ana Esteves passa
grande tempo a cuidar das refeições dos animais, mas nem o cheiro desagradável do peixe
a desanima. Em Outubro próximo, Ana espera recomeçar a estudar e não sabe se terá disponibilidade para continuar o seu trabalho. No entanto, se tiver de largar o voluntariado, Ana vai levar na memória as histórias engraçadas da sua experiência com os leões marinhos, como o susto que uma vez apanhou só porque um lhe quis dar um beijinho.
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