Conta-Corrente

 

06-03-07

  • Apresentação.

  • Explicitação da metodologia de trabalho na unidade curricular.

  • Comentário do Programa e da Bibliografia da unidade curricular.

ACTIVIDADES EDUCATIVAS

 

Actividades educativas

Tempo de trabalho  do estudante (em %)

 

Avaliação (em %)

Trabalho em grupo

60

40

Apresentação e discussão de trabalhos de grupo

10

20

Teste escrito de avaliação

30

40

 

13-03-07

  • Reflexão acerca das fontes para a abordagem a ter lugar no âmbito da disciplina.

  • Escopo da análise e abordagem a desenvolver no programa.

     

15-03-07

A religião mesopotâmica: religião ou religiões? Não podemos pensar na religião mesopotâmica como uma religião estruturada em termos comparáveis ao que observamos nas religiões monoteístas que conhecemos.

A ausência de escrituras, de cânones e de uma hierarquia sacerdotal extensiva.

Aspectos de convergência: o culto.

Aspectos de divergência: a teologia.

 

IMPORTANTE

  • O teste de avaliação terá lugar no dia 19 de Junho, coincidindo com o tempo lectivo da aula.

  •  A data-limite para a entrega do trabalho escrito é 22 de Maio

 

20-03-07

  • O fenómeno religioso envolve a compreensão de conceitos operativos importantes  na análise: mito, rito, a linguagem simbólica.

  • Parte-se do princípio de que a religião consiste num fenómeno susceptível de ser estudado sob várias perspectivas - sociológica, antropológica, psicológica, filosófica, teológica, histórica, comparativa. 

  • A religião é, do ponto de vista histórico, uma dimensão constitutiva da natureza humana (homo religiosus).

  • A História das religiões assenta assim numa fenomenologia da experiência religiosa e numa hermenêutica das formas em que são vividas as referidas experiências.

  • O mito é vivido, pré-reflexivo e não pode ser contestado. No momento em que o é deixa de ser mito – passagem do pensamento mítico e simbólico ao pensamento racional e científico.

  • O mito é uma narrativa constitutiva, consistindo numa visão e num discurso sobre a realidade.

  • O mito tem a sua própria racionalidade; é um discurso que deriva do real e que é sobre o real.

 

22-03-07

  • O rito está ligado ao mito. Actualiza-o; torna-o presente. O real é inteligido e percebido através da sua repetição mas também através dos seus arquétipos. Só se pode compreender se houver um modelo arquetípico.

 

  • O mito envolve o recurso a uma linguagem simbólica. A metáfora, a alegoria, o símile, constituem a tessitura de uma linguagem constitutiva da narrativa (o mito). O mito recorre a estes dispositivos não como recursos estético-literários mas sim como dispositivos cognitivos que transportam a sua própria racionalidade.

 

  • O texto tende a fixar e a estabelecer o mito, conquistando uma autonomia criativa relativamente à transmissão oral. O mesmo acontece com outras narrativas, como são exemplo os oráculos proféticos, que, fixando-se como textos, entram num processo de transmissão literária que tem características próprias.

  • O mito deve ser compreendido dentro do seu contexto cultural, isto é, no horizonte mental da sua produção e da sua recepção.

  • A análise e a compreensão do texto religioso envolve, por isso, uma hermenêutica interna, uma exegese que procura compreender a sua inteligibilidade intrínseca, no seu próprio contexto. 

 

23-03-07            

  • A religião é, na Mesopotâmia, um fenómeno omnipresente, englobante de toda a realidade e da  idiossincrasia do homem mesopotâmico.

  • A religião reflecte a linguagem, as representações, as construções, em suma, uma visão coerente sobre o mundo e sobre a realidade.

  • a religião mesopotâmica era integradora e totalizante. Todas as percepções e vivências religiosas surgiam integradas. A religião tinha uma vertente oficial, vocacionada para a legitimação política e dinástica (ver hino de Lipit-Ishtar). Esta vertente é visível na literatura mas também numa retórica visual que a iconografia ilustra; é o caso dos baixos-relevos, da glíptica e de outros registos visuais que comprovavam o apoio divino ao rei, o seu favorito e eleito. Tinha igualmente uma vertente social, que facilitava a aceitação da ordem terrena e social; é o caso da literatura sapiencial, onde se promove um ideal de ordem social, enquadrado numa atitude religiosa e de relação com o divino. Tinha uma dimensão pessoal, correspondendo às necessidades individuais e respondendo às inquietações de cada homem - a sua morte, o seu destino, a sua condição.

 

27-03-07 

Indicações sobre o trabalho

  • O trabalho não deverá exceder as 10 páginas. Veja as orientações para a redacção.

  • Veja as regras para a apresentação dos trabalhos.

  • O trabalho deverá ser entregue impreterivelmente até dia 22 de Maio. A não entrega até esta data dará origem a penalizações na classificação.  

  • O trabalho deverá ser entregue em papel e também por correio electrónico.

  • A defesa dos trabalhos decorrerá nos dias 1 e 15 de Junho (9.00-12.00 - sala T 12; 14.00-18.00 - sala T 16).

  • Deve consultar o plano de distribuição dos trabalhos com os dias e períodos de apresentação.

 

O primeiro texto a ler é o Enuma elish.

Pode lê-lo em duas traduções:

a) a de Leonard William King

b) a de N.K. Sandars.

 

Pode ainda ler o texto em:

DALLEY, Stephanie,   Myths from Mesopotamia. Creation, the flood, Gilgamesh, and others, Oxford, Oxford University Press, 1991.

 

 

Recordo que o título bibliográfico mais recomendado é LÓPEZ, Jesús e SANMARTÍN, Joaquín, Mitología y Religión del Oriente Antiguo I Egipto - Mesopotamia, Sabadell, Editorial Ausa, 1993.

 

29-03-07

 

1º Teste Diagnóstico de Leitura
Enuma elish

A realização dos testes diagnóstico é obrigatória e destina-se à auto-avaliação dos conhecimentos sobre leituras essenciais. As classificações finais são meramente indicativas. Podem registar-se discrepâncias relativamente à grafia de alguns nomes.

IMPORTANTE: O questionário ser-me-á enviado automaticamente por e-mail. Todavia, na eventualidade de não usar o Outlook Express, deverá seguir os passos indicados:

1) Na página do questionário, ir à janela "Editar" e escolher a opção "Seleccionar tudo";

2) Escolher a opção "Copiar";

3) Dentro do corpo da mensagem de correio, faça "Colar";

4) Envie o e-mail para F.Caramelo@netcabo.pt

 

 

A religião mesopotâmica assimila e integra o legado sumério, assumindo e reflectindo as suas especificidades. Sobre a religião suméria, veja esta apresentação de síntese.

 

12-04-07

  • A religião suméria transmite, no essencial, a mesma cosmovisão, que vamos, posteriormente, encontrar na religião assiro-babilónica.

  • Observam-se similitudes na visão antropológica: concepções próximas acerca da criação do homem, do destino e da morte.

  • As inovações semitas prendem-se com o modus vivendi destes. Recorde-se que os semitas começam por estar e até continuam a estar muito ligados ao nomadismo e ao pastoralismo. Mesmo com a sedentarização, essas imagens permanecerão vincadas no imaginário mesopotâmico.

  • Também a guerra e a sua associação ao poder, do ponto de vista retórico e ideológico, é uma especificidade sobretudo semita. A guerra é uma das linhas essenciais de legitimação e de justificação ideológica do poder real.

  • Os sumérios têm uma visão sobretudo urbana e sedentária, o que se reflecte na importância de uma mitologia e de uma religião que explora essencialmente aspectos que têm que ver com a agricultura, com a natureza e a fertilidade.

  • Não podemos, no entanto, falar numa antítese entre religião suméria e acádica. Pelo contrário. Após Akkad (séc. XXIV a.C), observar-se-á um fenómeno de sincretismo entre as duas matrizes culturais e religiosas. A religião mesopotâmica resultará dessa síntese, assimilando e adaptando algumas das construções, narrativas e lógicas teológicas que vinham do período sumério.     

17-04-07

  • O Enuma elish reflecte a concepção cosmogónica e antropogónica dominante na Mesopotâmia, a partir do II milénio a.C.

  • Integra o pensamento que já vinha do período sumério, agora modelado pela visão semítica.

  • É um produto do sincretismo religioso sumério-acádico.

  • No Enuma elish, encontramos duas fases no processo de criação. A primeira corresponde às primeiras gerações de deuses. Elas reflectem os aspectos essenciais do próprio mundo. Evolui-se do uno para o múltiplo. A criação corresponde a um processo de transformação. Não há uma criação ex nihilo.

  • A teogonia e a cosmogonia reflectem uma cosmovisão.

  • O segundo momento da criação corresponde à intervenção de Marduk. Constitui o aperfeiçoamento e a conclusão da criação.

  • Marduk impõe-se como um deus sublime e completamente diferente de todos os outros.

  • Nas várias tradições cosmogónicas, bíblicas e extra-bíblicas, deparamos com diversos paradigmas: o combate primordial; a criação artesanal (a criação do homem); a criação telúrica (Deus transforma o mundo, apartando as águas, permitindo que apareça a terra seca, etc.); a criação planeada como obra de um arquitecto; a criação pela palavra (como em Ptah; com no Génesis).

 

19-04-07

  • Enuma elish e Atrahasis apresentam grandes similitudes na visão que apresentam sobre a criação do homem.

  • Em ambos os casos, os deuses participam não apenas no processo artesanal da criação como também na substância ontológica do homem. O homem é criado a partir de uma massa feita da carne e do sangue de um deus.

  • O homem é criado com uma missão. Nos dois relatos mesopotâmicos, ele é criado com a finalidade de substituir os deuses nos pesados trabalhos a que os igigi estavam submetidos. Em Génesis, o homem é criado com a missão de administrar e de conservar o jardim do Éden.

  • Em Génesis, verificam-se dois relatos distintos sobre a criação do homem: 1) Gn.1,1-2,4; Gn.2,4-25.

2º Teste Diagnóstico de Leitura

Atrahasis

Com base no texto fornecido (em aula), deverá responder ao respectivo teste.

 

 24-04-07

  • No Enuma elish, o relato antropogónico encontra-se entre o final da 5ª e o início da 6ª tabuinha.

  • Marduk aponta a solução - a criação do homem - para um problema - a contestação dos deuses, cansados pelos pesados trabalhos. 

  • Cabe a Ea / ENKI planear em concreto e executar a solução.

  • No Enuma elish, tal como em Atra-hasis, a criação do homem é materializada a partir da substância de um deus adverso.

  • No Enuma elish, é o deus Kingu, comandante do exército de criaturas monstruosas geradas por Tiamat; em Atra-hasis, é também um dos revoltosos.

  • A criação do homem é algo que se encontra acima da compreensão humana.

  • Em Atra-hasis, estamos perante uma tradição antropogónica e uma tradição sobre as origens da humanidade, isto é, um relato sobre o homem nos seus primórdios (dilúvio).

  • Este texto procura explicar não apenas a criação da humanidade como também a forma como esta é criada com a capacidade de se reproduzir, o que está ausente de Enuma elish.

  • O terceiro relato sobre a criação antropogónica que analisamos é o de Gilgamesh. O texto reflecte um paradigma da criação. A humanidade já havia sido criada. Aruru é, de novo, convocada, desta vez para criar um duplo de Gilgamesh. Aruru, com a orientação de Ea, criará Enkidu tal como a humanidade terá sido criada pela primeira vez.

  • O relato reflecte as origens da humanidade e a consciência histórica e antropológica de que o homem primordial não era igual ao homem civilizado do tempo de Gilgamesh.

 

26-04-07

  • Análise de um Hino de Assurbanípal a Ashur.

  • Pela análise deste hino, damo-nos conta de atributos e de características de Ashur, o deus mais importante na religião assíria.

  • Ashur é um deus que, pela sua sabedoria, pelo seu poder, pela sua grandeza, é inigualável.

  • É um deus incompreensível, mesmo para os outros deuses.

  • Ensaia-se neste hino a transcendência de deus.

  • Pressente-se o carácter monoteizante da religião assíria. 

Leituras recomendadas

1) PARPOLA, Simo, «Monotheism in Ancient Assyria» in PORTER, Barbara, One God or Many. Concepts of Divinity in the Ancient World, Casco Bay, Casco Bay Assyriological Institute, 2000, pp. 165-209;

2) PORTER, Barbara, «The Anxiety of Multiplicity. Concepts of Divinity as One and Many in Ancient Assyria», in PORTER, Barbara, One God or Many. Concepts of Divinity in the Ancient World, Casco Bay, Casco Bay Assyriological Institute, 2000, pp. 211-271.

 

03-05-07

  • Análise de um Hino de Assurbanípal a Nabu.

  • Neste hino, são explorados outros aspectos. São a imanência e a proximidade entre o deus e o devoto que estão em causa.

  • O texto assume a forma de um diálogo entre o deus e o devoto.

  • A ligação entre os dois é directa, próxima, íntima mesmo.

 

08-05-07

  • Análise de dois textos proféticos.

  • Análise dos dois textos proféticos e as similitudes que estes apresentam com os dois hinos de Assurbanípal.

 

10-05-07

  • A natureza ontológica do homem. O homem é um plano dos deuses. O homem é idealizado e executado pelos deuses. É uma obra divina. Há dois deuses que nos vários relatos funcionam como uma dupla na criação do homem: ENKI / Ea e Belet-ili.

  • Análise de três relatos: Enuma elish; Atra-hasis; Gilgamesh.

  • O homem é criado para resolver um problema.

  • Os deuses participam substantivamente e não apenas processualmente na criação do homem.

  • Esta participação substantiva (deuses revoltosos) condiciona a natureza ontológica e moral da humanidade.

 

3º Teste Diagnóstico de Leitura (1ª Parte)

Gilgamesh

Este teste corresponde às quatro primeiras tabuinhas da Epopeia de Gilgamesh.

 

15-05-07

  • Sobre a questão da consciência e da visão da História e do tempo na Mesopotâmia, consulte a apresentação respectiva.  

 

17-05-07

  • Sobre a questão do destino e da sua concepção na Mesopotâmia, consulte a apresentação seguinte.

Estes sumários desenvolvidos e as apresentações, colocados neste sítio, devem ser encarados como elementos de apoio didáctico, os quais não dispensam os apontamentos das aulas e sobretudo as leituras recomendadas.

 

22-05-07

 

3º Diagnóstico de Leitura (2ª Parte)

Gilgamesh

Este teste corresponde às  tabuinhas V a VIII da Epopeia de Gilgamesh.

 

  • A antropologia da morte deve ser vista em função do sincretismo sumério-acádico.

  • Sobre a concepção e a visão que os mesopotâmios têm da morte, consulte a apresentação.

 

24-05-07

 

3º Diagnóstico de Leitura (3ª Parte)

Gilgamesh

Este teste corresponde às tabuinhas IX a XII da Epopeia de Gilgamesh.

 

  • Visões e concepções éticas e morais na religião mesopotâmica

  • As narrativas cosmogónicas e os mitos reflectem também uma dimensão moral. Enfrentam-se duas entidades, duas ordens. Na perspectiva da ordem vitoriosa, o seu lado identifica-se com o bem e o outro lado com o mal. Há como que uma pré-noção de dualismo.

  • A ordem é transitória. A guerra é a forma que assume esse confronto. É também o julgamento desse litígio. Os deuses estão do lado dos justos, combatem com eles e por eles.

  • Também as linguagens profética e apocalíptica reflectem essa dimensão moral. A primeira tem um horizonte muito mais imediato do que a segunda mas ambas envolvem uma visão da história e do tempo.

  • No plano individual, a dimensão moral encontra-se sobretudo visível na chamada literatura sapiencial. O conceito de sabedoria reflecte um ideal nas relações entre os homens e entre estes e Deus.

  • São os valores, as atitudes e os comportamentos que são equacionados e que são escrutinados por Deus.

  • As acções morais do homem são tão valorizadas quanto o próprio culto.

  • Estes valores, atitudes e comportamentos são objecto de uma reflexão sapiencial transversal à literatura do Próximo e Médio Oriente antigo. 

  • Sobre estas questões, consulte a apresentação.

Sobre a literatura sapiencial, recomendo a leitura destes dois artigos:

1. Francisco Caramelo - I

2. Francisco Caramelo - II

 

 

Deve preparar-se para o 4º Diagnóstico de Leitura, lendo o poema de Erra e Ishum em:

http://www.piney.com/Baberraishum.html

 

4º Diagnóstico de Leitura

Deve agora responder a este teste sobre Erra e Ishum.

 

29-05-07

 

  • A mediação e a intercessão são aspectos estruturantes na religião mesopotâmica.

  • Esta lógica reflecte a própria sociedade mesopotâmica e a percepção social que o mesopotâmios têm.

  • O culto é o espaço em que se concretizam a mediação e a intercessão.

  • A oração, o sacrifício e o rito materializam essas relações políticas entre o devoto e o divino.

 

31-05-07

 

  • A magia é uma forma de agir sobre a realidade.

  • Emana de uma lógica não-teísta.

  • Há uma tensão entre uma lógica teísta e uma lógica não-teísta na percepção que o homem mesopotâmico tem da realidade.

  • Consulte a apresentação sobre a magia na Mesopotâmia.

 

01-06-07

 

  • Decorreu a 1ª fase de apresentações dos trabalhos de grupo.